sábado, 27 de dezembro de 2008

Amanhã?

Insiste no tempo
quem não tem presente
só passado.


Ígor Andrade

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O que renasce

Claro como o tempo
numa tela de flores.

Mais que um olho.
Lugares.

Mais que olhares.
Amores.

E mais que tudo... tudo...

Um mundo
proibido e profundo
que outros não conseguem merecer
nem ter, nem ver.
Admirar é aprender esperar, é numa lágrima soluçar, e te ler.




Ígor Andrade

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sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Até já, Argentina.

O aperto de mão forte
o papo amanhecido comigo
o abraço de boa sorte
e viajou meu grande amigo.


Ígor Andrde

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Sei lá...

Um tédio já tarde
em toda a imaginação
quando o vento que arde
me lembra a impressão.

Que impressiona e mente
nos abandonos que sinto
mas não pressiona a mente
quando penso que minto.

Por não saber se tenho
ou se um dia vou ter
no meio do caminho, venho
não sei mais o que merecer.


Ígor Andrade

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quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Ecos

Uma ilha
a dançar.

Outra ilha
a sorrir.

Despertar
permitir
navegar
prosseguir.

Entre duas ilhas
o mar
somente (a)mar.

Mover-se na água
mergulhar
emergir, nos sentir.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Praieiro

Na noite passiva
da brisa passada
em que horas passavam
(me passando tanta coisa)
tudo era tão possível
quanto passageiro.

Ígor Andrade



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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

De cara pro teto

Quando minha mente cansa
é que meu corpo descansa.
E é uma canseira esperar.


Ígor Andrade

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domingo, 21 de dezembro de 2008

A história alheia

Tão lento
quanto o que decido
e tão forte
que pareço ceder.

Tão vivo
que às vezes duvido
de tão nobre
que não pode envelhecer.


Ígor Andrade

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sábado, 20 de dezembro de 2008

Simples e contido

Tristonho e composto
com o punho, componho
o estranho desgosto
a música sem rosto
e sem ritmo, eu sonho.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O sabor da vida

Como um andejo
A procurar lampejo
No vento eu vejo
O gosto do beijo.


Ígor Andrade

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Afobação

Tanto tanto quis o agora
que logo logo deixei tudo
pra depois de depois.


Ígor Andrade

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Os olhos boêmios

Boemia em boa mesa
no meio da arejada praça
nova bossa velha passa
perto da praia que é nossa
e não vi.

Um tempo inspirador e claro
clareia a mente no escuro raro
mas foi o antes de ontem, paro
na vida que não vivi.

Uma segunda de primeira
vida, violão, sem violência
e fogueira
as notas em cordas da paciência
solteira
três boêmios inspirados a sorrir.


Ígor Andrade

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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Como no filme

Desejo o trem e o passeio
os trilhos todos e o anseio
e tudo de novo que possa ver.

Os campos verdes alvorecendo
a estrada que ninguém passa, sendo
e nada mais que deva merecer.


Ígor Andrade

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Sem razão

O gosto amargo que não é meu
o rosto magro que não vi
o caos de hoje aconteceu
o cão aqui dentro quer sair.

A auto-afirmação alheia e feia
a alta tensão afirmativa e crua
a boca gorda cheia se nomeia
a boa moça que não se vê nua.


Ígor Andrade

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sábado, 13 de dezembro de 2008

Latente

Em meio a crise
nas faces pálidas
nascendo em asas
o embrião sem fim.

Mundo ao avesso
que morre em vida
vivo as crisálidas
e os vôos em mim.


Ígor Andrade

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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Fazer-de-conta

Inquietar o quieto que é ilusão
sobre o tédio plácido que se estende
dispensar o óbvio não é solução
nas premissas amargas do que não se entende.


Ígor Andrade

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Voa

Lanço
olhares aos pássaros.

Lá sou
lugares que imagino.

Mais que isso
é o aquilo
é o aqui lá
e mais nada.

É tão admirável
ou de propósito
voar e ser vôo
sem propósitos
pro próprio bem.

Olhos e espaços
num espaço sem limite.
Os meus olhos limitados
são o meu espaço imaginário.

Aqui
um pouco daquilo
e ali
um pouco disso
me proponho sempre.


Ígor Andrade

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terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Um perto-longe

Lógica em lástima
na métrica da razão
lágrima bem lírica
a um metro do coração.


Ígor Andrade

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Impressão (!?)

Disfarço a canseira
e toda a loucura
que anda explodindo
na repentina mansidão.

Estou sujeito-calmo?
Estou louco-quieto?
Estou fingindo, mentindo?
Não! Claro que não!


Ígor Andrade

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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Diferente

Raiar do sol
em terra quente
e cabeça fria
chovia.

Vou dormir, de mim ausente
para que todo mal inocente
desapareça... nas gotas
descendentes da nostalgia.


Ígor Andrade

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sábado, 6 de dezembro de 2008

Leva-me

Pro tão logo enquanto
tempo esse que não finda
leva-me ainda.


Ígor Andrade

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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Chegando lá

Nas esquinas vazias
vejo o que sinto
o que não minto.

Uma rua, e outra
e os encontros que não acontecem.

No caminhar com os olhos
imagino desejos
desenho ensejos
que não sao.

Ficar parado é fazer nada
e é o que faço
quando chego perto
do que estava longe.


Ígor Andrade

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Pequena lição

Não sofrer pelo que passou
nem esperar demais o que vem
no máximo o mínimo
esquecer o que condenou
e condenar
quem não se esquece também.


Ígor Andrade

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As sobras

Sai de mim
o que nem aqui está
fica o resto.


Ígor Andrade

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" Maybe tomorrow "

" Então talvez amanhã eu encontre meu caminho para casa "


A tristeza que permanece nas nuvens cinzas de sempre
não se compara com os teus sorrisos
e esses sorrisos não se compram
esses sorrisos não se comparam nem com o céu.
E me liberto quando os vejo
no seu rosto nu.

A vida pode ser bela contigo
eu sei
e os avessos só avessos
adversários do presente.

Eu não posso estar errado
o mundo sim
e se for o contrário
não ligo
desligo.

A brisa se faz quando te vejo dançar
quando te vejo, me vendo
vento leve que nos leva, lento
um oceano de sentidos, sentindo
nosso próprio tempo, todo nosso, só nosso.



" Então talvez amanhã eu encontre meu caminho para casa "



Ígor Andrade

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sábado, 29 de novembro de 2008

Exercício

Soprar a falta
para que falte
o ar
aspirar
me inspirar
em sopros
te respirar
exalar perfume
enfim, em mim
sossegar.


Ígor Andrade

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terça-feira, 25 de novembro de 2008

Ruas

Grita o mundo lá fora
um grito mudo
aqui dentro.


Ígor Andrade

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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

CAMInho LArgado

Não te esqueço
e nem aqueço
as palavras imaginadas
que eu tinha apreço
pétalas de fábulas sem lógica
você inventa enquanto cresço
lá em cima onde era mágica
história em memória trágica
é faz de conta que não conta
porque do alto eu desço
bem agora e nessa hora
meu silêncio que demora
é tudo o que te ofereço.


Ígor Andrade

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Exausto

Nas calçadas de sombras
nas passadas arrastadas
sem um ombro nem ouvido
volto sem volta, no suor frio.

Ninguém me espera em casa
pra que pressa? pra que graça?
já eu chego no meu quarto
gelado e medonho, vazio.


Ígor Andrade

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Sou céu, sou só

Sou o balanço da rede quente
sou o teto escuro e sem estrela
sou o feto puro que não mente
não sou mais nada que eu queira.


Ígor Andrade

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Proposta

Troco o sono profundo
pelo chamego passado
pele do corpo disfarçado
que me enche o sonho de mundo.


Ígor Andrade

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domingo, 23 de novembro de 2008

Como se fosse a primeira vez

Nas arestas da tarde desse domingo
até os cães nas ruas se encontram
sem encontros e ponto de equilíbrio
eu me deixo dourar as recordações
nos raios fortes em grama verde
e inerte, volto para a casa inanimada
só.


Ígor Andrade

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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Dia estéril

A sexta numa cesta
de frutas podres e vencidas
na feira do não saber.
Ninguém sabe nada
não se resolve nada
vai vencendo o prazo, que enfada
um dia sem frutos, a esquecer.


Ígor Andrade

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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Ontem fui o que sou

Sou a volta sem orvalho
do imediatamente, demorando
no seco e cinza asfalto
das ruas desertas de mim.

Eu árido, despovoado.

Só agora percebo
que a demora nessa viagem
não é a chegada, nem o relento
mas cada tolo pensamento
que tenho desde a saída inspirada.


Ígor Andrade

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terça-feira, 18 de novembro de 2008

O dia em que se está

A paz que eu preciso
é o silencioso hoje
bem além do presente
do calar das paixões
em cuidado intenso
das noites inacabáveis
de pequenas coisas
e suas dimensões.


Ígor Andrade

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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Cubro e descubro nuvens

Uma segunda diferente, bem diferente
instabilidade nos céus, em todos eles.

Estava nublado e de repente o sol saiu
e desapareceu e saiu de novo
e desapareceu e saiu, novo.

Hoje parece um ponto zero
do nascer entardecendo
do ser em ser, só sendo
deslocamento, que desloca a mente
dez milhões de coisas acontecendo.

Nubla novamente no louco tempo
e lá vou eu, futuro
e lá vai, presente
e lá vem o sol, passado
velho mundo novo mudando
dos tempos de tempo roubado.


Ígor Andrade

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sábado, 15 de novembro de 2008

Desassossego

O sonhador (aqui) desperta
levanta-se com um certo medo
lembra que falta um abraço
deita-se na solidão do enredo.


Ígor Andrade

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segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Es-pe-ran-ça

Esperança
esperar cansa
de espera em espera
a fúria mansa.

Sem lamúria eu era
o que a penúria alcança.

O que de falta em falta
a noite alta me lança
escorrega pelos dedos
as gotas de minha lembrança.


Ígor Andrade

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sábado, 8 de novembro de 2008

Mundo virótico

Engulo seco
o frio de sábado.
Enlouqueço infeccsioso
constipando idéias.
Engano o fim de semana
adoecendo aos poucos.
Entretanto tudo
à minha volta vive.


Ígor Andrade

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sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Embrulhando letras

Frases aos pacotes
no quarto vazio e quente
dormente, dor mente
penso no que é indecente
meus pequenos lotes
de estado intermitente.


Ígor Andrade

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quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Eu (e a) via.

Na lacuna da avenida
e na coluna do lamento
o que desabita na dor
renasce em sentimento.


Ígor Andrade

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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Sentindo sentido

Sem sentido
é o próprio sentido
que tenho aqui, ali
sem ter.
E pra que sentido?
Eu tenho o que sinto
e tão somente
logo tenho tudo
no sentido que me interessa.

Ígor Andrade

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domingo, 2 de novembro de 2008

Minha vida por uma rima

Perdi a madrugada no que me anima
Esqueci da palavra que me aproxima
O agora sem sorriso da minha menina
Nessa hora, minha vida por uma rima.


Ígor Andrade

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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Sobre a tua dúvida, irmão.

Eu sei que tua dúvida te incomoda
Mas ela não é nada demais
Uma dúvida é qualquer coisa
Que ora te leva no vento
Ora esse vento te traz.

Duvidar é para pensadores
E não precisa ser o mais sábio
O que te intriga é pensar nas dores
Que te limita o tempo hábil.

Eu duvido de muita coisa
E tu deves duvidar de alguém
Só sei que duvidar já é o primeiro passo
Duvidaremos, assim, da dúvida também.


Ígor Andrade

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Meio Socrático

Depois da maiêutica
a manhã
tudo aquilo que pensei
e mais do que isso.

Isso?

O que seria isso?

Ou aquilo?

Continuo (nu) no monólogo.

Fluxo falso falho e fácil
de consciência cansada
cansativa e que cansa.

Seria isso, intensidade além da justa medida?

Qual seria a medida justa?

Tudo me frustra.
Ou não?

Pensando.

Pensando.

Pensando...


Ígor Andrade

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domingo, 26 de outubro de 2008

Dormi no nordeste

Acordei sem sul
e sem graça
aqui nem vento passa
sinto-me nu.

Espero esperar esperança
que tempo melhor faça
mudança
de manhã céu azul.


Ígor Andrade

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sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Ao alcance

Ainda procuro o dia
como o que buscava
sonhos nas prateleiras
a realidade descoberta
de corações ferventes
que aqueciam corpos
e derretiam geleiras.


Ígor Andrade

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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Na teimosia

De tudo o que foi
e o que vai ser
esquecer
o que é

fico só (ou)
com você
se quiser.


Ígor Andrade

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domingo, 19 de outubro de 2008

O sorriso do dia

E o dia sorriu...

Como criança em dia de festa
tudo que vi
no interior
me serviu.

Nem muito
choveu e fez sol
mas meu tempo se abriu.

Aprendi mais um pouco
sobre a distância
e a mesma sumiu.

Eu, dias e noites, quieto
me embriaguei
e o coração partiu.

O que de longe tenho perto
num apertado abraço dormiu.

E o dia sorriu...


Ígor Andrade

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A diferença

O poema é dela
o que faço é poesia
unir o dela e o meu
um dia.


Ígor Andrade

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Da existência

Sempre haverá
um amanhã
uma manhã
um há
de algo
ser

(entre alvoradas)

e há sempre mais
do que possa imaginar
o haver
em ter
havido.


Ígor Andrade

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Os trechos da vida

Tudo o que passa
passou e
continua passando.


Ígor Andrade

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quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Passeio no hospital

O vômito
e o que não caiu bem.
A tontura
que mostra o mundo real.
A dor de cabeça solitária
tira a força, porém
tudo passa e volta
num estado físico que faz mal.


Ígor Andrade

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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Ponderando perdas

Nas ruínas das unhas
refaço meu tempo
recrio raízes
em partes que já não são mais minhas.
Esqueço de tudo
enquanto
lembro de tudo.
As únicas coisas
que vão
e vêm
são pensamentos.


Ígor Andrade

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Hoje e ontem

Noite de domingo
e o meu cansaço
depois do sono
bocejo desnorteado.

Doze de outubro
aliás, já passou
esqueci de ter
de ser
falado.

Dia de presente
mas não ligo
hoje ou ontem
foi dia mesmo
da "Bia".

Eu pensei nela
eu lembrei dela
vida minha
saudade
sorria!
sorria!

Voltar pro sono
estar no sonho
esperar a segunda
"Ique" tudo seja
simples e bonito
como um jantar em família
"Rosa" em memória profunda.


Ígor Andrade

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domingo, 12 de outubro de 2008

Minutos sazonando

Feito as luzes
que se apagam
sou escuro agora.
No que inspiro
ar impuro
na hora clara
que não inspira
(que de rara calma)
ser maduro aflora.


Ígor Andrade

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terça-feira, 30 de setembro de 2008

Depois de ontem

Para um dia curto
toda a minha solidez.
Uma tarde larga
e talvez
a conversa amarga
vinda do doce surto
na falta
que sozinha
se fez.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Variante repentina

Numa hora
tudo demais
e na outra
muda o agora
que nada me traz
ou falta me faz.
Rouba o tempo
remove o vento
lento.
Ira ora!
Pôr pra fora!
Aqui dentro
repulsa
pulsa
aflora
perco a paz.



Ígor Andrade

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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Na cobertura

No topo
sem telha
eu topo
na velha
mania de
achar que...


Ígor Andrade

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sábado, 13 de setembro de 2008

sono(côn)sono

O perfume que amanhece dos teus cabelos.
Sua cabeça ainda repousa no meu peito.
Seu corpo ainda quente que arrepia os pêlos.
Dorme a vida depois do que temos feito.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Recolhido

De longe em longe
o que perto
vejo.

A calma do monge
que de certo
desejo.


Ígor Andrade

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terça-feira, 9 de setembro de 2008

Terça 09/09/08



Outro sol
em outra janela.
Não fosse outro
eu sei
outra
não seria ela.



Ígor Andrade

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domingo, 7 de setembro de 2008

Intemperança

Não sei lidar com a chatice dos outros
tampouco falar com a certeza
de algo apréstimo, ainda absurdo.
Prefiro, por isso, está entre os poucos
que parecem levar com leveza
um diálogo lógico, mouco e mudo.


Ígor Andrade

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quinta-feira, 4 de setembro de 2008

O velho e sua bicicleta amarela

Enquanto você dormia
eu pensava
e olhava
e sofria.

Da janela do quarto
o mundo mau
mal amanhecia.

Um senhor se ocupava,
me intrigava
eu via.
Catava latas no meu lixo
e sorria.

Depois eu me perguntava
o que eu
ou você
ou sei lá quem
(o que nada)
fazia?

Eu acordado (pensando, apenas pensando).
Você dormindo (sonhando, apenas dormia).

O pobre velho catava lixo
e na sua bicicleta subia
e sorria
e sumia.


Ígor Andrade

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terça-feira, 2 de setembro de 2008

Terça 02/09/08


Nesta terça nublada e sem realidade
sobre a égide do meu conformismo
realizo o meu exercício da dignidade
te oferecer o amanhecer sem lirismo.


Ígor Andrade


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terça-feira, 26 de agosto de 2008

Não sendo

Posso ter sido muita coisa
mas só tem graça falar
do que não foi
de quem não fui.
É sempre mais interessante,
ainda, querer ser.
O que fui
foi.
O que seria
queria.
Se fui mesmo muito,
fui pouco.
Serei mais um dia.


Ígor Andrade

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sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Condição de sentido

No estado em que me encontro
não encontro.
Estar é sobretudo ser.
Em mim
sinto falta também de ti.
Neste momento
não sou, e estou
completo de dor
perdido num tempo
e vazio.


Ígor Andrade

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quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Entre asas

Se fosse um pássaro
no dia em que estou
andaria.
Como sou homem
vôo baixo.
E nem canto.


Ígor Andrade

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terça-feira, 19 de agosto de 2008

Vincent van Gogh - Wheat Field Under Threatening Skies



Quero hoje
algo igual
como então
quis ontem.
Tudo comum
sem ideal algum
feito dias que
se escondem...

... e aparecem
como noites...



Ígor Andrade

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sábado, 16 de agosto de 2008

Meu (curto) obrigado

Às sete e dez
acordei lembrando
do ontem e
do que fez
e tonto andando
penso mudo
quero tudo
outra vez.


Ígor Andrade

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terça-feira, 12 de agosto de 2008

De um ponto a outro

Caminho pela calçada
sem direção e rumo.
Todavia
em toda via passada
recupero a noção
e me aprumo.


Ígor Andrade

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segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O calor de sempre

O dia me seca
com a solidão
e segue seguindo.


Ígor Andrade

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domingo, 10 de agosto de 2008

Indo

Da cadeira pra rede
parede e travesseiro
o que penso primeiro
é que o agora daqui
é louco.
Queira ou não
o que se faz
o dia inteiro
(parado ou passageiro)
é pouco.


Ígor Andrade

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quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O estranho

Esquisito
por ser eu
e mesmo
que não seja
vou continuar
sendo isso.


Ígor Andrade

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Bélgica 0 x 1 Brasil

Um time, sem graça
e outro time, desgrama.
Arbitragem do jogo
desgraça.
Graça mesmo
é eu ir dormir.


Ígor Andrade

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sábado, 2 de agosto de 2008

Presente do meu amigo Victor (6 anos de idade) - Seu peixe-espada


Segundo o mesmo
a vida é um mar
somos todos peixes
sentimos as ondas
e no vai e vem
lhe falta amor.

Ígor Andrade



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Da janela

O tempo nublado
e as folhas paradas
parecem saber
(de um tudo
que é nada)
que é hora de dormir
tranquilo sigilo
agora o pardal
antes o grilo
deitar e deixar ir.


Ígor Andrade

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sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Madrugada entediante

Tanta coisa
e não posso
mas eu forço.

Ficar quieto
é ruim e
não tem fim.

Olho ardido
e algo mais
a dor traz.

Incomoda
o juízo e
tudo aqui.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 30 de julho de 2008

Desabafo

Quanto mais aprendo
sobre o pouco que sei
mais sei
que não quero
ser
nada que já conheço.


Ígor Andrade

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segunda-feira, 28 de julho de 2008

A volta à França de Anthônio.

Bem de longe
do outro lado do planeta
depois de oceanos e trevas.
Bem distante e consciente.
Tudo está perto de mim.


Ígor Andrade

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Domingo

Nem ontem acordado
nem hoje durmo mais.
Pergunte onde estive
e se o que eu fiz
alguma falta me faz.

Domingo
não sinto
só sinto
nem sei.



Paz.



Ígor Andrade

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quinta-feira, 24 de julho de 2008

Atormentado

A tortura
de ontem
foi ser
o que hoje
ainda
não sei.


Ígor Andrade

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segunda-feira, 21 de julho de 2008

Aeroporto

Quem de fora

pensa no que tem dentro
lembra mais do lamento
tormento
que sorri em hora.


Ígor Andrade

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domingo, 20 de julho de 2008

Banho de vinho

Escorrem gotas
línguas e bocas
tinto o teu corpo.
Arrepia cada pêlo.
Tremem as pernas
e eu te quero.
Te molho inteira de novo.


Ígor Andrade

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Bem devagar

Noite em claro.
Claro!
Fluímos numa mesa
sem surpresa.
Tu morrendo
e eu não paro.
Eu amparo.
Te enterro
no gozo
da certeza.


Ígor Andrade

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Libido

Entre os seios
encontro os meios.
No quadril
caminho e perdição.
Entre as coxas
apertos e anseios.
Nossas bocas
degustam satisfação.


Ígor Andrade

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domingo, 13 de julho de 2008

Fadiga(mos)

Olho teclas em desespero.
Olhos em telhados e espero.

(o que eu tenho?)
(o que eu quero?)

Respectivamente... mente...

Cansaço de cansaço mesmo.
Dor em mim. Dormir.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 9 de julho de 2008

Jackson Pollock - The Tea Cup


Num jogo sem peças
quem perde sou eu.
Abro o peito
e fecho os olhos
em minha natureza
dispersa
que se corrompeu.


Ígor Andrade

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segunda-feira, 7 de julho de 2008

Eu imagino

Nas teias de memórias
sem presas e faminto
as conversas ilusórias
que não tenho, minto.


Ígor Andrade

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Tua queixa de saudade

Não é porque eu estava dormindo
que fui embora e te deixei um fim
no sono sonho com você sorrindo
e só acordo quando sorrir pra mim.


Ígor Andrade

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sábado, 5 de julho de 2008

Um dia

Um livro

um filho
uma árvore.

Não só isso.
Isso tudo
e junto.
Caso (casa)
completo
e nada mais.


Ígor Andrade

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sábado, 28 de junho de 2008

O homem da época

Sou muitos

em seres ouvintes
e deuses calados.
Vivo poucos entre pedintes.
Vivo alguns em minutos largados.
Até que seja, eu, todos.
Ainda assim não serei nenhum.
Um homem e a história comum
dos passados seguintes
ou dos anos fadados.



Rogi Fernandes

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terça-feira, 24 de junho de 2008

Taciturno

Linhas desnudas
em solo
afunda.

Folhas em branco
no alto
pranto.


Ígor Andrade

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Duelo na Terra

De sol a sol
sonho em mim
o doce sal
pedaço do céu.


Ígor Andrade

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domingo, 22 de junho de 2008

Sentimento Incompleto

Vai embora
loucamente tranquila
luta e não admira
a interioridade demente.

Deixa fora
que o corpo suspira
nasce carinho da ira
íntima saudade doente.


Ígor Andrade

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sábado, 21 de junho de 2008

Escuto (ar)

Hoje
um quarto
e o vazio.

Noite
em calma
alma.

Encontro
eu só
e o frio.


Ígor Andrade

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quinta-feira, 19 de junho de 2008

O ÁPICE

No palco
sem luz
e por pouco
o silêncio gritante
é a fala principal.
Na condição de ouvinte
o que conduz
um louco
(a própria ausência em cena)
o faz viver
o sentido real.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 18 de junho de 2008

ODES DE RICARDO REIS

Quer pouco: terás tudo.

Quer nada: serás livre.
O mesmo amor que tenham
por nós, quer-nos, oprime-nos.


Fernando Pessoa

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terça-feira, 17 de junho de 2008

Insonolência

Quem sonha
na insônia
dorme.


Ígor Andrade

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domingo, 15 de junho de 2008

Vagante

Mais que um homem

sou um móvel no meio da casa.
Menos que tudo isso
ainda homem, um ser sem graça.


Ígor Andrade

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quinta-feira, 12 de junho de 2008

Sustenido a dois

A música nua escorrega por meus ouvidos.
Entre notas e teclas me perco no teu corpo.
Ouço curvas e vejo som.
A melodia mais linda é não estar só.
O amor se faz assim
O meu terno pra você
O teu vinho pra mim.
Em tudo que eu vejo sentido
E no gozo de estar morto.
Eu vestido, você sem roupa
O piano voa
Amar é ouvir o toque do outro.


Ígor Andrade

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terça-feira, 10 de junho de 2008

Vinicius de Moraes - Você e Eu

Podem me chamar
E me pedir e me rogar
E podem mesmo falar mal
Ficar de mal que não faz mal
Podem preparar
Milhões de festas ao luar
Que eu não vou ir
Melhor nem pedir
Eu não vou ir, não quero ir
E também podem me obrigar
Até sorrir, até chorar
e podem mesmo imaginar
O que melhor lhes parecer
Podem espalhar
Que eu estou cansado de viver
E que é uma pena
Para quem me conheceu
Eu sou mais você
E... eu


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segunda-feira, 9 de junho de 2008

Inútil

O que me causa
a tristeza profunda
e o total espanto
é saber que não sirvo
e nada serve.
Não se resolve
coisa alguma
e tudo se perde
pois fico de canto.



Ígor Andrade

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Trovoada

Trevas no travesseiro
trato de me tratar
trago num livro troveiro
tramas a trabalhar.



Ígor Andrade

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domingo, 8 de junho de 2008

Acordando pra dormir

Boca que amarga
olhos que secam
querer algo doce
glicose que fosse
despertar o céu
mãos que pecam.


Ígor Andrade

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sexta-feira, 6 de junho de 2008

Percurso com voltas

Percebi o círculo perfeito que é minha vida.
Estou sempre com destino a origem.
Voltas intermináveis e rapidamente esquecidas.
Vida sem graça.
Vida bendita.
O pior de ti está na perfeição circular.



Ígor Andrade

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quarta-feira, 4 de junho de 2008

John Lennon - God

Deus é um conceito,
pelo qual nós medimos
nossa dor.
Eu vou dizer novamente.
Deus é um conceito,
pelo qual nós medimos
nossa dor.

Eu não acredito em mágica!
Eu não acredito em i-ching!
Eu não acredito em bíblia!
Eu não acredito em tarô!
Eu não acredito em Hitler!
Eu não acredito en Jesus!
Eu não acredito em Kennedy!
Eu não acredito em Buda!
Eu não acredito em mantra!
Eu não acredito em Gita!
Eu não acredito em yoga!
Eu não acredito em reis!
Eu não acredito em Elvis!
Eu não acredito em Zimmermam!
Eu não acredito em Beatles!
Eu só acredito em mim...
... em Yoko e em mim!
Essa é a realidade.
O sonho acabou.
Como eu posso dizer?
O sonho acabou... ontem.
Eu era um sonhador...
mas agora eu renasci.
Eu era a morsa,
mas agora eu sou John.
E então queridos amigos
vocês precisam suportar isso.
O sonho acabou.

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domingo, 1 de junho de 2008

Férias na Espanha (Mário Mascarenhas)

Meus dedos passeiam no piano
meus olhos procuram meu pai.
O pior de enfrentar o desafio
é a ausência das palmas
(o destino vazio).
Fim das férias!
Descendência se vai.


Ígor Andrade

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sábado, 31 de maio de 2008

O tempo passando

A água que cai do firmamento
fertiliza a vida da pequena Bia.
Quando não mais chorar o céu,
a menina cresceu...
outro planeta nasceu
e seu sorriso virou dia.

Ígor Andrade

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quinta-feira, 29 de maio de 2008

Raiz e Terra

Raiz
Vou para qualquer lugar do mundo.
Vim de uma extinta Fortaleza.
Sigo caminhos que não planejo
releio versos como os beijos.
Entre curvas de espinhos e flores
faço dos momentos minha maior beleza.

Terra
Sou uma planta seca
perdida na área desertificada
no meio do clima infernal.
Eu vi o Agreste
pequeno é o Nordeste
mormaço na alma.
Esquecido é tudo quanto real.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 28 de maio de 2008

Pacto dos Lobos (filme)

Criando lobos e corujas
e antes que meu espírito fuja
adestro os cordeiros
flhotes derradeiros
de uma natureza morta que perdi.


Ígor Andrade

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terça-feira, 27 de maio de 2008

Do som

O que seria da vida sem trilha sonora?
O silêncio sem a mudez, é chato.
Deve-se viver uma música por hora.
Mover-se a cada ritmo, de fato.


Ígor Andrade

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domingo, 25 de maio de 2008

Voltei

Manhã mais leve
sem peso nas costas
apenas uma pequena dor.

Raios harmônicos
de uma nuvem breve.
A madrugada foi proposta.
O que era ruim acabou.

O pedido é um abrigo
que o vento nos leve
pelo círculo prata
da mais bela cor.


Ígor Andrade

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Eu e Nice

Adotado o bandido

em tempo perdido
curado a dor órfã
e o ego ferido.

Amigos de gargalhadas
domingos e goiabadas
nosso convívio alívio
é uma vida de palhaçadas.


Rogi Fernandes

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sábado, 24 de maio de 2008

Foste Fernandes filha


Forma
feita
farta.
Fosse
falsa
fui
forçado.
Fui
feliz
feito
folia.

Ígor Andrade



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quinta-feira, 22 de maio de 2008

Natureza rochosa

Tornei-me pedra
entre não nascer
(crescer)
sem ir
(ver)
nem vir
apenas ser
ainda pedra
e ao descobrir
que em meio
às montanhas
no solo era só
deixei de ser
(pedra)
vida dura
o vento
me leva
era pedra
agora sou pó.


Ígor Andrade

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Entre pontos

Depois da excitação do confronto
o tédio
aí vem a solidão e desconto
antes de tudo
escrever é meu melhor remédio.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 21 de maio de 2008

Eu sigo um plano perfeito
e vejo nele pleno sentido.
Um plano pleno
de perfeito sentido
que eu inventei.


Ígor Andrade

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sábado, 17 de maio de 2008

Uma vez por ano
eu acordo
eu me amo
sendo que talvez
ainda reclamo
que ao inverso
e insano
descanso
do oposto
de vocês.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 14 de maio de 2008

Espaço entre duas pessoas separadas no intervalo de tempo entre dois momentos diferentes e afastados.

Já estava longe.
Agora mais distante.
No entanto, um passo adiante
estou perto
da origem
do fim.


Ígor Andrade

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terça-feira, 13 de maio de 2008

Jackson Pollock


Parede sombria
nome sem fim
pequena mania
esqueça de mim.


Ígor Andrade

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segunda-feira, 12 de maio de 2008

Inteiramente só

Sinto-me como uma criança perdida entre jardins de mães diferentes.
Numa mão, uma gerbera murcha, na outra, um girassol morto.
Duas casas com um quintal fantasmagórico que amedronta e ilude.
Doi quintais de uma casa que nunca existiu.


Ígor Andrade

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sábado, 10 de maio de 2008

Desânimo

O que me mata
certas horas
é a tua falta.

Lembrança nua
memória crua
em noite alta.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 7 de maio de 2008

CAMIsa de força

Minha loucura
é o que assegura
a sanidade prematura.


Ígor Andrade

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terça-feira, 6 de maio de 2008

CAMInhando

Passos lentos
são passos raros
e eu pago caro
sem ter talento.

Mas me diga
de que vale o tempo
se não tenho faro
e o que eu declaro
é a falta
de contentamento.


Ígor Andrade

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sábado, 3 de maio de 2008

Amedeo Clemente Modigliani - Nude Sdraiato

A mais bela forma
de ver meu mundo
é através do corpo
de uma mulher.
Minha arte
deixo pro povo
e esqueço.
Meu amor
copia as linhas
femininas e não
se apaga.
Nunca.

Ígor Andrade



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Quando se desconhece
que não se vive sozinho
é cavado um buraco
no início
do caminho.


Caí.


Mas levanto
para cair outra vez.



Ígor Andrade

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quinta-feira, 1 de maio de 2008

Confusão do dia primeiro

É na volta pra casa
que me faço sozinho
eu condeno o caminho
sempre vale voltar.

É na ida, a chegada
de alegria passada
fazer coisa errada
e só depois pensar.

É sem dúvida
e sem nada
que depois da ida
a volta, cansada
que encontro tudo
fora do lugar.


Ígor Andrade

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terça-feira, 29 de abril de 2008

Sonho teu

Suicido-me em folha branca
conto o sonho de folhas secas
nasce um fantasma de uma praça
no tempo frio que tudo embaça
me venta as formas de um vestido
me sopra no quadro as letras.


Ígor Andrade

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Michelangelo Buonarroti

Meu maior medo...
é continuar sendo o que sou
Estar no mesmo lugar que estou
Fazendo as mesmas coisas
Eu quero criar
Eu penso em melhorar
Eu sinto o bem quando evoluo.


Ígor Andrade

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sexta-feira, 25 de abril de 2008

Desgaste

Esforços ao limite pedante
corpo e mente entre
antiinflamatório e tranquilizante.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Epitáfio 1

Sinto que deixei algo bom pra vocês
todavia fiz muita coisa em vão
vou embora exausto e seguro
nunca me confessei
e também não quero perdão.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 16 de abril de 2008

Jackson Pollock - The Moon Woman

Identificar uma voz no desassossego
Alterar o modo de pensar numa ilusão
Desorientar egos infantis e passageiros
Reafirmar meu descaso na tua confusão.

Ígor Andrade

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domingo, 13 de abril de 2008

Misantropia do despertar

Acordar, antes de tudo,
é perceber
que parei de sonhar.


Ígor Andrade

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sexta-feira, 11 de abril de 2008

Insistência

De tanto insistir
aperfeiçôo as quedas
e me deixo cair.


Ígor Andrade

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quinta-feira, 10 de abril de 2008

Reticência

"Só nos curamos de um sofrimento depois de o haver suportado até ao fim. "

Marcel Proust


Meu sofrimento
não tem cura
será assim
até o fim.
Dure todo o tempo
(tal sentimento)
e dura
minha dor assegura
o amor que sofro
(não lamento)
por mim.

Ígor Andrade

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segunda-feira, 7 de abril de 2008

Deitar-me

Insônia medonha
fome acompanha
sede apanha
o que quero falar.

Um balanço na rede
um pseudo-silêncio
querer ter desejo
dormir e sonhar.


Ígor Andrade

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quinta-feira, 3 de abril de 2008

Eu

Ao passo
que crio
uma vida
que nunca tive
recrio
um homem
que sempre existiu.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 2 de abril de 2008

Quem sabe
um dia
após uma noite
qualquer coisa
em algum sentido
seja diferente
tendo em vista
que tudo é
e sempre foi
muito parecido.


Ígor Andrade

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domingo, 30 de março de 2008

Amigos passageiros

Dentre poucos amigos
uns muitos que conheço,
do resto eu esqueço.
Se não eram amigos,
e de todos,
que tenho me aproximado,
serão lembrados
depois de perdidos
porque já foram esquecidos.


Ígor Andrade

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quinta-feira, 27 de março de 2008

A noite de sombras
um peso nos ombros
à tona
em meio a escombros
faço-me no que lembro.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 26 de março de 2008

Verdade obscura

Sem sombra de dúvida
tudo que é verdadeiro
eu logo duvido.


Ígor Andrade

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Buscando na agonia... Ela.

Angústia em espera
tamanho desespero
bato na porta da casa amarela.


Ígor Andrade

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Nó na garganta

Falta de chuva no espaço
amanheço secando o norte
desfeito e
sem um merecido abraço
dia de morte
enterro abafado
tira do peito pedaço.


Ígor Andrade

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domingo, 23 de março de 2008

Duas horas da manhã passada

Sobre as cólicas
que você sente
sinto, apenas sensível
na serenidade colossal
o comum de não passar bem
sentindo ondas de dores
aí, assim
aqui, enfim, tão igual.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 19 de março de 2008

Jackson Pollock - Galaxy


Confundo-me.
Encontro-me.
Na extinta
e ordenada
porém desorganizada
ilusão alheia.
Percam-se.


Ígor Andrade

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[Cansado do universo e seriedade]

Cansado do universo e seriedade
da abstração que não finda e que é o fundo
do meu fatal pôr-olhos sobre o mundo,
pobre de amor e rico de ansiedade,
já nada me seduz nem me persuade.


Fernando Pessoa

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terça-feira, 18 de março de 2008

Desopressão

Não há mãe que me mude
nem lei que me mande
nunca me senti tão mutante
nesse paraíso inconstante rude.


Ígor Andrade

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Jackson Pollock - Blue (Moby Dick)

No que se desfaz
povoa imaginativa calma
e me traz paz.

Ígor Andrade

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Um estado
de espírito
numa tarde
bem quente
me guia assim.

Num estado
em que meu espírito
encontra graça, mente.
Teu contrário, sim.

Todo estado
de algum espírito
me ameaça
e de frente
acabo com tudo.
Fim.


Ígor Andrade

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segunda-feira, 17 de março de 2008

Omisso

Desalmada e amada
toda armada, e nada
não vejo alma minha em tudo isso.

Ígor Andrade

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Clarice em mim

"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."

Clarice Lispector

Eu sou tudo o que quero, mesmo ainda não sendo nada, mesmo ainda tendo pouco. Tenho forças por ser apenas eu, nos mais variados instantes. A cada pequeno momento, eu sou tão grande... Eu vivo sozinho porque existem muitos de mim numa guerra constante. Todos são muitos, e o eu sozinho é um mundo de gente. Ninguém sabe ao certo qual desses mundos sou eu. Quem sabe sou todos os universos. Juntos ou separados, não importa. Sou tanta coisa, e ao mesmo tempo, o vazio. Nunca saberão ao certo. Só eu. Só eu sei que pouco sei, enquanto aprendo a me conhecer.
Ígor Andrade
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segunda-feira, 10 de março de 2008

Bom (o) dia!

A raiva
a xícara
a lente
a tela.

A água fria
A tarde invade
A dor covarde
saudade dela.


Ígor Andrade

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sexta-feira, 7 de março de 2008

Sono(lento)

Bom
minha casa calma.

Dom
ir dormir.
(meu lema)

Rua quieta cala.

Humor
que seja
como no dia anterior.

Na falta de rima rara
e com sono
logo de cara.

Acordo quando o sol se pôr.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 5 de março de 2008

Nada mesmo

"Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto."

Fernando Pessoa

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terça-feira, 4 de março de 2008

Poesia Animada!

http://www.youtube.com/watch?v=mT-9c8Z1oOc


Você pode não gostar da música, mas deveria pensar nas imagens.

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Mal estar sozinho

A febre longe
num tempo frio
do estado vazio.


Ígor Andrade

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Jackson Pollock’s Guardians of the Secret


O universo
perdido
onde me encontro
no quase sempre
(perpetua... mente).

Ígor Andrade

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Sono curto

Disperso do drama
perdi-me no encontro
vagabundo e a dama
e até que eu durma
sobre a mesa da tela
a trama inflama
no final da história
em hora
o que um conto revela.


Ígor Andrade

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Camille Pissarro - Pontoise

Deixar você
o mundo
lá fora
pois ignora
minhas razões
de direito
sem efeito
agora
o pouco
que nunca tive
está quieto.

Ígor Andrade

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Respostas

"Viver é ser outro. Nem sentir é possível se hoje se sente como ontem se sentiu: sentir hoje o mesmo que ontem não é sentir - é lembrar hoje o que se sentiu ontem, ser hoje o cadáver vivo do que ontem foi a vida perdida."

Fernando Pessoa

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domingo, 2 de março de 2008

Ministrando

De passo em passo
encontro um novo eu
paciente distante
e me refaço
aperto o nó
mais um pouco
sigo gerindo sufoco
porém não deixo
que afrouxe
o laço.


Ígor Andrade

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Esquinas

Madrugada do encontro
uma linha cruza outra linha
eram dois, agora um ponto.


Ígor Andrade

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sábado, 1 de março de 2008

Penso nuvens

Penso que azul e branco
são as cores de hoje, dia
muita sombra, pouco calor
um silêncio... que zunia.

Penso que cinza e preto
descansam em diferença
minha particular presença
de cores vivas e ausência.


Ígor Andrade

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Alimentando minha alma

"A maioria pensa com a sensibilidade, eu sinto com o pensamento. Para o homem vulgar, sentir é viver e pensar é saber viver. Para mim, pensar é viver e sentir não é mais que o alimento de pensar."

Fernando Pessoa

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sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Antiga Carta (maio de 2007)

O amanhecer de hoje foi diferente dos demais, mas foi igual a de um dia. Meu humor que tanto oscila mais uma vez me surpreende. Enquanto escrevo, choro, porque quando choro, escrevo. Saiba que é a primeira vez que escrevo o que sinto para alguém. Sim, alguém, porque nunca te vi, mas te lembro, nunca te toquei, mas te sinto. E nessa hora da manhã, tudo que tenho é a tua voz, o teu sotaque, a minha pretensão. Sei que é pouco tempo e o pessimismo que à ti compete vai chatear tua consciência, mas apenas imagine. É pouco tempo e de poucos dias, você, é a última coisa que penso antes de dormir e a primeira ao acordar. Porém já apareceste durante o sono não é. E aí que se confunde. Perceba que percebi que sonho acordado. Falaste uma vez que eu era tudo que queria, só hoje. E tão somente hoje é tudo o que não tenho. O que sobrou do meu amanhecer não mais tão sozinho, porque te vejo aqui dentro, foi uma gostosa confusão, o vislumbre, o meu sonho. É estranho como tudo é tão normal. É diferente como tudo é tão igual. Somos loucos e sou um eterno apaixonado. Pedi à ti que não me deixasse e logo hoje ouvi a real possibilidade. Por que será? Ainda sonho? Porque talvez não seja o único. Sonho meu. Sonho teu. Nosso sono. Nosso amanhecer. Que ninguém pelo menos nunca tire isso de mim.




Ígor Andrade

Aproximar

Deitado
olhando o teto
descobri onde
me faltou objeto
mas sobrou fato
e mesmo que falte tato
toco o teto com meu olhar.


Ígor Andrade

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Depois da mudança

O que restou de mim?

Comer, beber, dormir.

Mudei de apartamento
novo lar (novo).

Falta-me sorrir.



Ígor Andrade

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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Bom pra dormir


Cada gota
que cai lá fora
é um mar
que desconheço aqui dentro.


A rua é minha casa
e agora
"lar, doce lar"
estou ao relento.




Ígor Andrade

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.


Fernando Pessoa

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Descobrir-te, cor.

O que nega a negra
na escuridão da beleza
em linhas claras, sorri.


Ígor Andrade

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Amiga, em hora.

Atualmente triste
mentira, que é fardo
ocupada a cabeça
a carência insiste
arriscar não seria pecado
o momento
pior que existe
cuidado
quem sabe
não agora
tão logo um abraço
e melhora
o medo desiste.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Estados de consciência passados

Como é louco
o que pensei tanto
e agora pouco
evaporou
na lembrança
espanto
de um pensamento solto
minutos atrás
passado passou
revolto
presenteio-me.


Ígor Andrade

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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

...

Quanto espaço
está errado
eu estou preso
e com poucos passos
me perco em ti.
Não tem volta
um salto à frente
todo quebrado
do teu passado
e se for pecado
organizo tua fuga
de mim.


Ígor Andrade

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Tempo seleto

Não foi a hora
faltou minuto
dia incompleto.


Ígor Andrade

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domingo, 24 de fevereiro de 2008

Brincando sério

Se tu pulas
eu pulo,
já dizia minha mulher.
Viver só sem seu amor
é algo que ninguém quer.

Era sorriso,
de repente é choro.
Perdida ela continua.
Entender.
(Me) largar e desistir
esquecer e deixar-me ir
é algo que não vai fazer.

Como a mesma
com clareza
logo explica o que é amar.
Mal escuta
e me entende.
Essa mulher não vou deixar.

Que seja sempre
que vocês tenham sorte
e encontrem um par assim.
Eu aqui vou indo
ela ali vem vindo
são duas vias
até o fim.



(lê-se de baixo para cima também)

Ígor Andrade


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Na varanda

Daqui de cima
te vejo pequeno
adeus gigante.


Ígor Andrade

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sábado, 23 de fevereiro de 2008

Folga

Música que toca
ventilador que refresca
luz que ilumina
escuridão da mente
dança que anima
me cobre a alma de ritmo
de pouco embala
o vai e vem da rede.


Ígor Andrade

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Alguns desejos

Eu queria
atravessar o mar a pé
voar sem ter asas
desaparecer
com toda humana fé
e ser mágico
com a desgraça.


Ígor Andrade

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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Precisão

No momento
não preciso
de nada mais
que não seja
não precisar.
Precisar do outro
ter que ser um pouco
é um peso enorme
a se carregar.


Ígor Andrade

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São todos diabos
originalmente hiatos
reflexos de retratos.
Ruídos do bem.
Mal aéreo e necessário
(olhar verdadeiro)...
acreditem...
de um passado perfeito
que nunca existiu.


Ígor Andrade

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