sábado, 29 de novembro de 2008

Exercício

Soprar a falta
para que falte
o ar
aspirar
me inspirar
em sopros
te respirar
exalar perfume
enfim, em mim
sossegar.


Ígor Andrade

__________________________________________________________________

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Ruas

Grita o mundo lá fora
um grito mudo
aqui dentro.


Ígor Andrade

____________________________________________________________________

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

CAMInho LArgado

Não te esqueço
e nem aqueço
as palavras imaginadas
que eu tinha apreço
pétalas de fábulas sem lógica
você inventa enquanto cresço
lá em cima onde era mágica
história em memória trágica
é faz de conta que não conta
porque do alto eu desço
bem agora e nessa hora
meu silêncio que demora
é tudo o que te ofereço.


Ígor Andrade

__________________________________________________________________

Exausto

Nas calçadas de sombras
nas passadas arrastadas
sem um ombro nem ouvido
volto sem volta, no suor frio.

Ninguém me espera em casa
pra que pressa? pra que graça?
já eu chego no meu quarto
gelado e medonho, vazio.


Ígor Andrade

__________________________________________________________________

Sou céu, sou só

Sou o balanço da rede quente
sou o teto escuro e sem estrela
sou o feto puro que não mente
não sou mais nada que eu queira.


Ígor Andrade

____________________________________________________________________

Proposta

Troco o sono profundo
pelo chamego passado
pele do corpo disfarçado
que me enche o sonho de mundo.


Ígor Andrade

____________________________________________________________________

domingo, 23 de novembro de 2008

Como se fosse a primeira vez

Nas arestas da tarde desse domingo
até os cães nas ruas se encontram
sem encontros e ponto de equilíbrio
eu me deixo dourar as recordações
nos raios fortes em grama verde
e inerte, volto para a casa inanimada
só.


Ígor Andrade

____________________________________________________________________

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Dia estéril

A sexta numa cesta
de frutas podres e vencidas
na feira do não saber.
Ninguém sabe nada
não se resolve nada
vai vencendo o prazo, que enfada
um dia sem frutos, a esquecer.


Ígor Andrade

____________________________________________________________________

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Ontem fui o que sou

Sou a volta sem orvalho
do imediatamente, demorando
no seco e cinza asfalto
das ruas desertas de mim.

Eu árido, despovoado.

Só agora percebo
que a demora nessa viagem
não é a chegada, nem o relento
mas cada tolo pensamento
que tenho desde a saída inspirada.


Ígor Andrade

_________________________________________________________________

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O dia em que se está

A paz que eu preciso
é o silencioso hoje
bem além do presente
do calar das paixões
em cuidado intenso
das noites inacabáveis
de pequenas coisas
e suas dimensões.


Ígor Andrade

____________________________________________________________________

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Cubro e descubro nuvens

Uma segunda diferente, bem diferente
instabilidade nos céus, em todos eles.

Estava nublado e de repente o sol saiu
e desapareceu e saiu de novo
e desapareceu e saiu, novo.

Hoje parece um ponto zero
do nascer entardecendo
do ser em ser, só sendo
deslocamento, que desloca a mente
dez milhões de coisas acontecendo.

Nubla novamente no louco tempo
e lá vou eu, futuro
e lá vai, presente
e lá vem o sol, passado
velho mundo novo mudando
dos tempos de tempo roubado.


Ígor Andrade

__________________________________________________________________

sábado, 15 de novembro de 2008

Desassossego

O sonhador (aqui) desperta
levanta-se com um certo medo
lembra que falta um abraço
deita-se na solidão do enredo.


Ígor Andrade

____________________________________________________________________

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Es-pe-ran-ça

Esperança
esperar cansa
de espera em espera
a fúria mansa.

Sem lamúria eu era
o que a penúria alcança.

O que de falta em falta
a noite alta me lança
escorrega pelos dedos
as gotas de minha lembrança.


Ígor Andrade

__________________________________________________________________

sábado, 8 de novembro de 2008

Mundo virótico

Engulo seco
o frio de sábado.
Enlouqueço infeccsioso
constipando idéias.
Engano o fim de semana
adoecendo aos poucos.
Entretanto tudo
à minha volta vive.


Ígor Andrade

____________________________________________________________________

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Embrulhando letras

Frases aos pacotes
no quarto vazio e quente
dormente, dor mente
penso no que é indecente
meus pequenos lotes
de estado intermitente.


Ígor Andrade

____________________________________________________________________

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Eu (e a) via.

Na lacuna da avenida
e na coluna do lamento
o que desabita na dor
renasce em sentimento.


Ígor Andrade

____________________________________________________________________

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Sentindo sentido

Sem sentido
é o próprio sentido
que tenho aqui, ali
sem ter.
E pra que sentido?
Eu tenho o que sinto
e tão somente
logo tenho tudo
no sentido que me interessa.

Ígor Andrade

__________________________________________________________________

domingo, 2 de novembro de 2008

Minha vida por uma rima

Perdi a madrugada no que me anima
Esqueci da palavra que me aproxima
O agora sem sorriso da minha menina
Nessa hora, minha vida por uma rima.


Ígor Andrade

____________________________________________________________________