sábado, 28 de fevereiro de 2009

Atravesso mapas e oceanos

Às vezes me sinto continente
mesmo que ao redor seja água
porque também me sinto ilha
e quando não, me sinto mar.

Minhas palavras (é vida)
são vidas em vôos.
Meus poemas
são asas
nunca pouso.


Ígor Andrade

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O vôo sonhador

Não se explica o inexplicável
não se muda os cheiros que sinto nos sonhos.
Tudo agora foi jardim.
Tudo que foi nesse instante
não foi distante
está aqui
dorme e acorda em mim.
E eu dormi e acordei
com o vôo brilhante de uma borboleta
que quer pousar no meu quintal
mas não deve
que quer continuar voando
mas não pode.


Ígor Andrade

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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Como anestésico

Nem aqui
nem ali
nada além
do além
e do muito.

Minha mente
que mente
não tem lugar certo
de tão inquieta.
Parei!


Ígor Andrade

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Fantasia(dor)

Que a vida me traga
mais vida
e me traga
mais cor
que deflagra
sopro e suor.

Que a vida me traga
mais vida viva
mais pele ferida
e vestidos verdes
em fugas.



Ígor Andrade

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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Há um poema hoje
com o nome tarde.
Há um poema
hoje à tarde
com o nome noite.
Há um poema
onde há tarde
e arde.
Há um poema tarde
e há um poema antes.



(O nome da minha tarde hoje é poema
pôr do sol sem nome
que põe no céu dilema
e põe no fim a fome.)



Ígor Andrade

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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Praia quente (um poema atrasado)

Fevereiro
me ferve inteiro
meu amar em março
antes de tudo
o mar
mormaço
sorrir primeiro.

(Sou oceano adocicado
maré alta
em desespero.)

Pelo menos
passou o de menos
passou e vivemos
passou janeiro.


Ígor Andrade

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Rogério & Rogério

Nos aterros dessa vida
onde se enterram as lembranças
pedaços de tempo como herança
os dois sujeitos, sem jeito
consomem as palavras
as larvas
da mais pura admiração.

E buscam por aí
o equilíbrio
entre o não ter
e o não ser
das mudanças
e dos sorrisos.


Ígor Andrade

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sábado, 14 de fevereiro de 2009

Ficar bem

De onde estou
para onde quero estar
não desejo nada mais
do que mudar de idéia.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A cura tem nome

Para meu irmão, Thiago Andrade.


O que antes era vazio
agora não se limita.
Olhava um forte homem chorar
num mar de solitude, soluçar
e hoje ele grita.

Seu sorriso me mostra os dentes
tela branca franca infinita.
Missão: conjugar o novo amar
no mais alto grau ardente
da escala não dita.

Minha arte em sua vida imita
o elo entre o belo e o singelo
misto de cuidado e mistério.
Seu nome: Talita.


Ígor Andrade

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domingo, 8 de fevereiro de 2009

Estrela do dia

Ainda é cedo
sem dor
e sem medo
perco-me em raios.

Quem dera fosse
não mais que isso
o dia todo
um brilho
do que não é tarde.


Ígor Andrade

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À deriva

Só quero navegar
e levar alguém
para sentir a brisa por aí.

Contar as luas
e nascer com o mesmo sol
sem o mesmo isso
daquilo que evito.

Só quero querer mais
e esquecer o que é de menos.

Quero o que é eterno
e o que não é, também.

Quero os desejos
desejar.

Quero mais do que já encontrei
e encontrar sempre
algo que não tenha visto.

Só quero ver
e encher
minha memória
de poesia.



Ígor Andrade

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Minhas retinas e sua dança

Atravessa a chuva na rua
a bailarina que vejo em ti
o averso, e a passada, nua
silhueta que vou perseguir.

Vem pra mim...


Ígor Andrade

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O Primeiro Beijo

Ouço o som do meu peito
é música que tem gosto
enquanto meus olhos desenham
o teu nome
e o teu rosto.


Ígor Andrade

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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Reflexão

Espelho espelho nosso
me fale da outra vida
do velho-novo homem
ou do novo-velho ócio
me conte da vaidade ferida
e da perfeição que não posso.

Espelho espelho nosso
integração ou divórcio?


Ígor Andrade

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