segunda-feira, 29 de junho de 2009

Suporte

A mídia é média
e a média é um meio
de medir o medo
de não ser
outra coisa
senão metade
senão o pouco
que a mídia
ou a média
te fazem.



Ígor Andrade

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Há ser teu

Vazio de vento frio
é quando tudo pára
até que apenas eu volte.
Volte no tempo
volte no próprio vento
volte a ser eu
volte a ser teu.



Ígor Andrade

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Ver-de perto

Tudo fora
é tudo quase
do não
ou do nada
que tem um fim.
E no final
é o que somos:
fantasia fantasiada de sensatez.



Ígor Andrade

(escrito depois de ler este poema, do blog de minha amiga: http://rangonamadrugada.blogger.com.br/)

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sexta-feira, 26 de junho de 2009

A volta escrita na estrada

Vou na volta
de casa pra casa
da praia pra cidade
(e nem vi o mar)
da tarde pra noite
do perto pra longe
vagando em chuvisco
chovendo nos olhos
vago, vazio, altívago, tardio
entardecendo o que não tenho
e não vou só
vaga-lumes
vagas lembranças
vagões de desejos
bendita estrada que dita
uma volta
e outra.



Ígor Andrade

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terça-feira, 23 de junho de 2009

Ainda voa, Dona Iride. (Um poema de luto.)

Borboleta azul
borda a letra anil
no céu da solidão
no sol que não se viu.

Falta uma asa!



Ígor Andrade

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O temporal da não viagem

O vento grita
na minha janela entreaberta
e meu quarto fechado
silencia o meu mal estar.

Estar
em algum lugar
(que não seja esse)
era o que eu queria agora
querer é a questão
ficar aqui
ou ir embora.



Ígor Andrade

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sexta-feira, 19 de junho de 2009

Chão

Pedaço do eu
no meio do chão
que seca no seco
que cega razão.

Chão.

Pedaço que piso
no meio do não
que é quase tudo
coração na mão.


Ígor Andrade

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quinta-feira, 11 de junho de 2009

Céu

Tenho me sentido
(sem ter tido)
pássaro sem asas
e continuo voando
porque acredito.


Ígor Andrade

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domingo, 7 de junho de 2009

Processando a trama

Computador é tela fria
com muita dor a teia espia
a aranha longe
arranha saudade.

Desculpas cheias de pernas
caminham pelos cantos
de paredes
que não quero enxergar.



Ígor Andrade

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quinta-feira, 4 de junho de 2009

Alta

A vida banha
minhas memórias
de tempo
e seca
minhas loucuras
de falta.



Ígor Andrade

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segunda-feira, 1 de junho de 2009

Ma belle inconnue

Minha bela
desconhecida.
Conheci algo
que não é meu.

O que era belo
e adormecido
nasceu dela
e feneceu.



Ígor Andrade

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