quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Para cada vida

Para cada dia sem o tudo.
Mudo.

Para cada hora sem espaço.
Faço.

Para cada minuto nesse vazio.
Frio.

Para cada segundo nesse traço.
Abraço.



Ígor Andrade

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terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Esperança?

Tão logo espero
que essa segunda passe
como tão logo passo
sem esperar, a terça.

Enquanto durmo teu dia
e acordo tua noite
vago frio na esperança
da tua passagem.

Tão logo nada
era quente
como tão longe
era tudo.


Ígor Andrade

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Mediterrâneo

Um domingo nebuloso
da janela pra fora
guerra pela paz, faz
chora a chuva agora.

Meu domingo ocioso
da janela pra dentro
paz pela guerra, erra
perde-se o fundamento.

O domingo é passado
o domingo é pesado
sem bandeira branca
em qualquer algo pensado.

Eu queria pacificar as palavras
eu queria vida além do papel.
Enquanto as cruzes se lavram
o povo quer morte em Israel.



Ígor Andrade

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quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A moça

Vestida de mundo
de tempo e de vento
nua em pensamento.


Ígor Andrade

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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Do meu desespero capaz

Desespero não é incapacidade.
Desespero é amanhecer sem sono.
Desespero nessa minha insanidade
é o que eu espero do abandono.


Ígor Andrade

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sábado, 17 de janeiro de 2009

Do jogo (ps2- W.E.) na sala de cinema

Vive em mim
neste sábado
o espírito competitivo.
E para ser mais afirmativo
e menos arrogante
reconheço que valorizo
mais do que antes
a presença de velhos amigos.


(O jogo não mais mexe comigo,
mas as vitórias adoçam o domingo.)


Ígor Andrade

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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Estrategicamente falando

Noite designada ao nada.
Contemplo meu arsenal
de sonhos.

Tenho grandes aliados
os poemas.

Minhas palavras são hoje
bombas nucleares
que explodem
e devastam.

(Nem ideologia
nem política
nem filosofia
nem linguística.)

Agora só quero
divagar
devagar
pelo que eu tanto queria
minha paz
nas lutas comigo mesmo
guerra fria.


Ígor Andrade

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terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Terça-feira

A tarde me arde em ânsia
sussurra a saudosa mudança
me empurra pra noite, forte
sem medo do medo, norte
destrói e distrai, distância.


Ígor Andrade

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segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Do que não muda

Andei
andei
andei.

(E quis tanto
as mãos e o céu
que esqueci do corpo
num instante morto
em vão o sono e o mel.

E fiz pranto
no prato e no papel
só entendi que solto
um lamento e pronto
solidão veraneia o fel.)

Andei
andei
e andei
sem sair do lugar.


Ígor Andrade

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domingo, 11 de janeiro de 2009

Solitude

Nos momentos
que me encontro mais só
(sem encontrar o que quero)
saio de mim
sambo assim
passeio em voltas.

Me desencontro
me afronto
choro e soluço
(o que não faz de mim melhor, mas faz bem)
não sinto o meu pulso
não espero impulso
e não sei esperar .

Discursos
é... discurso
para outro que não sou eu.
E quem sou eu?
Sou o próprio curso
ou sou o inverso
do verso
que não sei ler.


Ígor Andrade

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segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Voando poesia

No aeroporto
aéreo fico.
Eu admito.
Tudo que é etéreo, parto
vivo farto
porque vivo em vôos
e morro em chegadas.


Ígor Andrade

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Dois mil e nove

Para começar dois mil e nove
nada em volta se move
mas que eu me renove
e reinvente
porque por mais que eu tente
acabo por acabar com o que me envolve
sujeito bobo
sem jeito, ogro
inconsequente.

Espero tudo se inovar de vez
e pro mal que alguém me fez
desejo paz, ao invés
do bem do inferno de vocês.

Que venha dois mil e dez.


Ígor Andrade

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