"Quanto mais me elevo, menor fico aos olhos de quem não sabe voar." Friedrich Nietzsche
sábado, 25 de agosto de 2012
Cevando
Sempre que bebo
sinto ainda
mais sede
e acho que sei escrever.
Converso com a janela
e sinto muito.
Olho pra minha cama gigante
e sonho pouco.
A rua sou eu.
Mudo.
Louco é quem não nasceu hoje.
Ígor Andrade
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quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Poema viagem
O trem de hoje passa calado
e vazio.
Carrego comigo o frio
dos meus avós que vieram do interior do Ceará.
("O que será que será"
que eu quis dizer?)
Escrevo brisas sinceras.
As eras não alteram o romantismo.
Este poema há de ser uma cruz
ou um alívio
ou um dilúvio.
Saudade da infância que me sofre.
O tempo: uma ilusão.
O cosmos devora qualquer dúvida, qualquer dívida e qualquer dádiva.
Fui comer sem fome e cuspi aflição.
Afeição
e isolamento.
Lamento não ter mais idade.
Ninguém me entende
nem eu.
Nasci agora.
Não me acostumo com gravatas
e meu repouso maior talvez seja o cansaço físico.
Tenho sido a vergonha da família.
Não estudei direito, medicina ou arquitetura.
Literatura é útero.
O pensamento é estômago.
Estou magro.
E quero beber cerveja.
Que assim seja um bom desabafo.
Ígor Andrade
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sábado, 18 de agosto de 2012
Bordel Bordado
A Lígia Cargnelutti me convidou e eu aceitei. Hoje escrevi aqui.
Ígor Andrade
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Continuamente
Note:
A noite
nada
em tudo.
Ígor Andrade
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sábado, 11 de agosto de 2012
Corredor
Entre os rostos de agosto
conheci um fantasma.
Asma de poeta
é camisa de força.
Ouça a madrugada
e seu assalto.
Asfalto divino intocável.
Sou o sujeito mais sozinho do mundo.
Ou devo ser burro demais
para entender a vida.
A vida não se entende.
A vida não se estende
por qualquer saudade.
Meu ventilador parou.
Meu juízo quebrou a bengala do aleijado.
Um soco de Muhammad Ali, por favor.
Preciso dormir
só por hoje.
O agora se embriagou.
Ígor Andrade
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Arremesso
O que há de mais indigesto?
O gesto
de quem não se conhece.
A parede esquece
de mim.
O fim é o começo
depois de doze cervejas.
Berço de palavras...
Desapareceu a testa.
A festa
dentro do quarto
escuro
e sozinho.
Ninho de asas!
Duas mãos.
Dois olhos.
Sem pernas.
Cem pernas
para alcançar o inalcançável.
Hoje não quero visita.
Acho que nunca quis.
Eu fiz
de mim
uma fortaleza sonolenta
que esquece do fígado
mas lembra do bolso vazio.
Ígor Andrade
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sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Uma hora
Lá fora o tempo.
Aqui dentro o tempo.
Provocante, o tempo
descobre o ignorante
mas ajuda o irracional.
O tempo faz mal.
O tempo faz bem.
O tempo é amigo de quem?
No meio do tempo
havia outro tempo
sem tempo pra temporal.
Lá fora e aqui dentro
é tempo de ser animal
e ter taquicardia.
Ígor Andrade
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Pilão
Um começar de sombras.
O eco da minha mesa.
O café pra enganar a fome.
Não existe ansiedade de amanhãs.
Converso com uma folha em branco
assim como converso com minha pequena cadela.
(Era uma deusa, ela?)
Rafaela... dorme e sonha.
Feliz de quem sabe amar
o que escreve.
Odiar um poema é entender
qualquer coisa.
Não há barulho de carros na rua.
A vida é crua.
Tudo é mortal demais:
madrugada.
Ígor Andrade
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sábado, 4 de agosto de 2012
Bohemia
Não é o que é.
Nem o que eu vejo.
Madrugada
este lampejo
além de qualquer ser.
Silêncio em que se perde
o que não se ganha.
Aranha que faz teia
na rua vazia.
Eu fazia antes
o que faço hoje
mas não sabia:
penso como ninguém.
Além daqui
consciência que não se apaga
e não se afaga
além de mim.
Que a boemia me perdoe
porque eu preciso dela.
Aquarela quer amanhecer
antes dos olhos.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 1 de agosto de 2012
O cão em mim
Ígor Andrade
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