sábado, 27 de dezembro de 2008

Amanhã?

Insiste no tempo
quem não tem presente
só passado.


Ígor Andrade

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O que renasce

Claro como o tempo
numa tela de flores.

Mais que um olho.
Lugares.

Mais que olhares.
Amores.

E mais que tudo... tudo...

Um mundo
proibido e profundo
que outros não conseguem merecer
nem ter, nem ver.
Admirar é aprender esperar, é numa lágrima soluçar, e te ler.




Ígor Andrade

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sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Até já, Argentina.

O aperto de mão forte
o papo amanhecido comigo
o abraço de boa sorte
e viajou meu grande amigo.


Ígor Andrde

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Sei lá...

Um tédio já tarde
em toda a imaginação
quando o vento que arde
me lembra a impressão.

Que impressiona e mente
nos abandonos que sinto
mas não pressiona a mente
quando penso que minto.

Por não saber se tenho
ou se um dia vou ter
no meio do caminho, venho
não sei mais o que merecer.


Ígor Andrade

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quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Ecos

Uma ilha
a dançar.

Outra ilha
a sorrir.

Despertar
permitir
navegar
prosseguir.

Entre duas ilhas
o mar
somente (a)mar.

Mover-se na água
mergulhar
emergir, nos sentir.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Praieiro

Na noite passiva
da brisa passada
em que horas passavam
(me passando tanta coisa)
tudo era tão possível
quanto passageiro.

Ígor Andrade



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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

De cara pro teto

Quando minha mente cansa
é que meu corpo descansa.
E é uma canseira esperar.


Ígor Andrade

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domingo, 21 de dezembro de 2008

A história alheia

Tão lento
quanto o que decido
e tão forte
que pareço ceder.

Tão vivo
que às vezes duvido
de tão nobre
que não pode envelhecer.


Ígor Andrade

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sábado, 20 de dezembro de 2008

Simples e contido

Tristonho e composto
com o punho, componho
o estranho desgosto
a música sem rosto
e sem ritmo, eu sonho.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O sabor da vida

Como um andejo
A procurar lampejo
No vento eu vejo
O gosto do beijo.


Ígor Andrade

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Afobação

Tanto tanto quis o agora
que logo logo deixei tudo
pra depois de depois.


Ígor Andrade

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Os olhos boêmios

Boemia em boa mesa
no meio da arejada praça
nova bossa velha passa
perto da praia que é nossa
e não vi.

Um tempo inspirador e claro
clareia a mente no escuro raro
mas foi o antes de ontem, paro
na vida que não vivi.

Uma segunda de primeira
vida, violão, sem violência
e fogueira
as notas em cordas da paciência
solteira
três boêmios inspirados a sorrir.


Ígor Andrade

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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Como no filme

Desejo o trem e o passeio
os trilhos todos e o anseio
e tudo de novo que possa ver.

Os campos verdes alvorecendo
a estrada que ninguém passa, sendo
e nada mais que deva merecer.


Ígor Andrade

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Sem razão

O gosto amargo que não é meu
o rosto magro que não vi
o caos de hoje aconteceu
o cão aqui dentro quer sair.

A auto-afirmação alheia e feia
a alta tensão afirmativa e crua
a boca gorda cheia se nomeia
a boa moça que não se vê nua.


Ígor Andrade

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sábado, 13 de dezembro de 2008

Latente

Em meio a crise
nas faces pálidas
nascendo em asas
o embrião sem fim.

Mundo ao avesso
que morre em vida
vivo as crisálidas
e os vôos em mim.


Ígor Andrade

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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Fazer-de-conta

Inquietar o quieto que é ilusão
sobre o tédio plácido que se estende
dispensar o óbvio não é solução
nas premissas amargas do que não se entende.


Ígor Andrade

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Voa

Lanço
olhares aos pássaros.

Lá sou
lugares que imagino.

Mais que isso
é o aquilo
é o aqui lá
e mais nada.

É tão admirável
ou de propósito
voar e ser vôo
sem propósitos
pro próprio bem.

Olhos e espaços
num espaço sem limite.
Os meus olhos limitados
são o meu espaço imaginário.

Aqui
um pouco daquilo
e ali
um pouco disso
me proponho sempre.


Ígor Andrade

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terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Um perto-longe

Lógica em lástima
na métrica da razão
lágrima bem lírica
a um metro do coração.


Ígor Andrade

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Impressão (!?)

Disfarço a canseira
e toda a loucura
que anda explodindo
na repentina mansidão.

Estou sujeito-calmo?
Estou louco-quieto?
Estou fingindo, mentindo?
Não! Claro que não!


Ígor Andrade

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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Diferente

Raiar do sol
em terra quente
e cabeça fria
chovia.

Vou dormir, de mim ausente
para que todo mal inocente
desapareça... nas gotas
descendentes da nostalgia.


Ígor Andrade

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sábado, 6 de dezembro de 2008

Leva-me

Pro tão logo enquanto
tempo esse que não finda
leva-me ainda.


Ígor Andrade

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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Chegando lá

Nas esquinas vazias
vejo o que sinto
o que não minto.

Uma rua, e outra
e os encontros que não acontecem.

No caminhar com os olhos
imagino desejos
desenho ensejos
que não sao.

Ficar parado é fazer nada
e é o que faço
quando chego perto
do que estava longe.


Ígor Andrade

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Pequena lição

Não sofrer pelo que passou
nem esperar demais o que vem
no máximo o mínimo
esquecer o que condenou
e condenar
quem não se esquece também.


Ígor Andrade

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As sobras

Sai de mim
o que nem aqui está
fica o resto.


Ígor Andrade

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" Maybe tomorrow "

" Então talvez amanhã eu encontre meu caminho para casa "


A tristeza que permanece nas nuvens cinzas de sempre
não se compara com os teus sorrisos
e esses sorrisos não se compram
esses sorrisos não se comparam nem com o céu.
E me liberto quando os vejo
no seu rosto nu.

A vida pode ser bela contigo
eu sei
e os avessos só avessos
adversários do presente.

Eu não posso estar errado
o mundo sim
e se for o contrário
não ligo
desligo.

A brisa se faz quando te vejo dançar
quando te vejo, me vendo
vento leve que nos leva, lento
um oceano de sentidos, sentindo
nosso próprio tempo, todo nosso, só nosso.



" Então talvez amanhã eu encontre meu caminho para casa "



Ígor Andrade

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