terça-feira, 30 de setembro de 2008

Depois de ontem

Para um dia curto
toda a minha solidez.
Uma tarde larga
e talvez
a conversa amarga
vinda do doce surto
na falta
que sozinha
se fez.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Variante repentina

Numa hora
tudo demais
e na outra
muda o agora
que nada me traz
ou falta me faz.
Rouba o tempo
remove o vento
lento.
Ira ora!
Pôr pra fora!
Aqui dentro
repulsa
pulsa
aflora
perco a paz.



Ígor Andrade

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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Na cobertura

No topo
sem telha
eu topo
na velha
mania de
achar que...


Ígor Andrade

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sábado, 13 de setembro de 2008

sono(côn)sono

O perfume que amanhece dos teus cabelos.
Sua cabeça ainda repousa no meu peito.
Seu corpo ainda quente que arrepia os pêlos.
Dorme a vida depois do que temos feito.


Ígor Andrade

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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Recolhido

De longe em longe
o que perto
vejo.

A calma do monge
que de certo
desejo.


Ígor Andrade

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terça-feira, 9 de setembro de 2008

Terça 09/09/08



Outro sol
em outra janela.
Não fosse outro
eu sei
outra
não seria ela.



Ígor Andrade

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domingo, 7 de setembro de 2008

Intemperança

Não sei lidar com a chatice dos outros
tampouco falar com a certeza
de algo apréstimo, ainda absurdo.
Prefiro, por isso, está entre os poucos
que parecem levar com leveza
um diálogo lógico, mouco e mudo.


Ígor Andrade

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quinta-feira, 4 de setembro de 2008

O velho e sua bicicleta amarela

Enquanto você dormia
eu pensava
e olhava
e sofria.

Da janela do quarto
o mundo mau
mal amanhecia.

Um senhor se ocupava,
me intrigava
eu via.
Catava latas no meu lixo
e sorria.

Depois eu me perguntava
o que eu
ou você
ou sei lá quem
(o que nada)
fazia?

Eu acordado (pensando, apenas pensando).
Você dormindo (sonhando, apenas dormia).

O pobre velho catava lixo
e na sua bicicleta subia
e sorria
e sumia.


Ígor Andrade

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terça-feira, 2 de setembro de 2008

Terça 02/09/08


Nesta terça nublada e sem realidade
sobre a égide do meu conformismo
realizo o meu exercício da dignidade
te oferecer o amanhecer sem lirismo.


Ígor Andrade


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