terça-feira, 21 de junho de 2011

Se vai Ariel


O que eu temia
aconteceu.

Ariel se foi
e mal amanheceu
e mal amanheci.

Hoje descobri
(mais uma vez)
o que é perder.
E hoje eu perdi.

Ariel se foi
cega, velha e linda
com aquele jeitinho de paz
e ainda
não me conformei.

Ariel se foi
como um poema de Sylvia Plath
como uma lua de Urano
e cá estou
com frio
e sem sono
neste sentir perdido.

Logo eu que não tenho amigo
vou perdendo meus cães
antes de amanhecer.

Ariel se foi
e nunca vou esquecer
da minha rainha.
Era assim que eu a chamava.
Uma cadela majestosa por natureza...

Mas Ariel se foi
com sua beleza...

(...)

E se foi Ariel
num dia estranho
que eu não conseguia dormir
e estranhamente hoje
antes de partir
tinha um branco esquisito no céu.



Ígor Andrade

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4 comentários:

Cosmunicando disse...

você fez da sua dor um poema nuvem.
beijos.

Marcelino disse...

A segunda estrofe daria sozinha um haicai brilhante, daqueles que dizem tudo pra quem quer dizer algo,mas não tem palavras bem articuladas. Mas... tu quiseste reverenciar Ariel e tinha q falar dela, falar de tua solidão, falar de teus escritores preferidos, falar da lua...
Então q se danem os haicais perdidos: a emenda ficou melhor q milhares de sonetos.

Ígor Andrade disse...

Grande Mercedes, minha amiga espanhola, abração!

Ígor Andrade disse...

Só queria aliviar minha dor, Marcelino. Abraço, cara!