sexta-feira, 12 de março de 2010

Sol (um poema de ontem feito hoje)

Bem cedinho
como sempre
tomo meu café.

(Às vezes
vejo todos irem trabalhar
mas volto a dormir.)

Mamãe hoje acordou muito bem
passou cheirosa pela cozinha
falou mansinho
me chamou de "meu filho"
me deu um cheiro no olho
e o dia começou.

Esse cheirinho durou uma eternidade
pude abrir o outro olho e não me sentir mais perdido
pude imaginar outra mulher me acolhendo
pude não me sentir mais tão sozinho.
Uma eternidade.

Ah... se todas as manhãs eu tivesse isso...
Ar novo em todas as manhãs
para um sujeito velho e teimoso
que ainda insiste nessa existência sonhadora.

Uma mãe que ama um filho
deveria cheirá-lo todas as manhãs.
Isso é mais que amar!



Ígor Andrade


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3 comentários:

Cosmunicando disse...

que lindeza, Ígor... isso é mais que poema, é declaração de amor :)

Fabio Rocha disse...

Fase boa, mano! Curta! Abração

Marcelino disse...

Muito bonito, tem algo de melancólico, como alguns outros textos teus...Mas a última estrofe traz uma assertiva que foge da melancolia, ficou legal.