domingo, 6 de novembro de 2011

Domingos

Não sei quem sou
e nem quem fui.
(Quem serei muito menos me interessa...)

Hoje
sem prazo
prece ou pressa
caminho pelas calçadas do domingo que parece o de sempre.

Inauguro cada hora
com o sorriso finado
que lembro dela.

Poderia chorar copiosamente
mais uma vez
olhando pra foto
meio laranja
daquela mulher
toda maquiada -
coisa de fêmea vaidosa
mas hoje prefiro gargalhar
como fazíamos quando o mundo
queria desabar.

Carrego nas mãos
um espírito de peregrino
que não chega nunca.

Passos que não cansam.

Topada nenhuma me pára.
Tapada nenhuma me fala:

"O mundo é dos poetas!"

Ando por aí meio sem pernas
sob um sol agradável
tirando o mofo da alma.

Cães imaginários
me seguem até o portão
de casa.



Ígor Andrade

_________________________________________________________________

Um comentário:

Rebeca dos Anjos disse...

Muito bom!

Despertou em mim a agonia que sinto quando caminho sem ver beleza.