sábado, 17 de setembro de 2011

Sem gelo

Bebi a noite toda.
Não me arrependo.
Meu corpo não diz o mesmo.

Mil motivos até a embriaguez valer a pena.
(Ou seriam dois ou três?)

Que seja
a boca que amaldiçoa
é a mesma que beija.

O frio.
Sinto um frio.
Sou um rio
intocável
e esquecido
na noite.

Tremem os meus galhos fracos...

Lembranças de ontem:
Casais apaixonados nas esquinas.
Além de qualquer grande amor existente
vejo dores futuras incomensuráveis.

Beber é para os fracos.
Sim.
Além de tudo eu bebo.

Sofrer é para os fortes.
Sem mais.

Homens; pobres diabos
desumanos
sem norte
e sem sul.

(Escrevo melhor com caneta azul -
minuto no sense tipo insight.)

Almoço lá pelo fim da tarde
no sofá da sala de estar
e não estou.

Me sinto o mais imperfeito idiota.

A perfeição das horas
se faz com a consciência
dos sentimentos desconhecidos.

É... ando lendo muito
o velho Bukowski.

Preciso de mais uísque e cerveja!



Ígor Andrade

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8 comentários:

Karla disse...

Gente, adoro o jeito que vc escreve, anacoluto e tal. Além de que achei super válida a paráfrase do Augusto dos Anjos.
Você conseguiu transpor em suas palavras todo um universo ébrio... tim-tim!

Ígor Andrade disse...

Valeu, Karla. Grande abraço!

(Só não entendi a parte do Augusto dos Anjos.)

Nadine Granad disse...

Acredito (achismo total, já que o que a Karla disse acabou me lembrando isso) que se referiu aos VERSOS ÍNTIMOS:
"Escarra nessa boca que te beija!"...

Eu gosto... lembrar... reminiscências...
...BUT... o "Sem Gelo" não deixa de estar Igor Filosófico...


Beijos =)

Devaneios dela disse...

Meu caro amigo
você acabou de descrever o meu último domingo..rs..

Acho suas letras geniais e quando as leio quase posso tocá-las. Incrível!! Parabéns!!

Ígor Andrade disse...

Entendi, Nadine.
Grande abraço, moça querida!

Ígor Andrade disse...

Seu comentário me deixou feliz, Keylla.
Grande abraço!

Karla disse...

Bom, a Nadine já explicou o pq eu citei o Augusto dos Anjos. Então, não foi uma paráfrase? [interessante...]

Ígor Andrade disse...

Já tinha lido o poema dele, mas não lembrava. Paráfrase, mimetismo, sei lá...
Abraço, Karla!