quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Da convergência natural das coisas

Um cansado pensamento madrugou comigo.
Um fantasma que eu mesmo criei
que eu mesmo esqueci e relembrei
me avisa que este é o perigo.

Que dia é este
que está por vir?

Depois da noite que não tive
sou o esgotamento
das mesmas coisas.

(Qual o sentido
de não ser
não outro
e não eu?
O que são as coisas?
O que é o mesmo mesmo?)

Isto que chamo de mesmo
é o mesmo de sempre
se meus olhos não estão no além.
(Sem os meus olhos eu sou quem?)

Ver adiante
num levante
e não enxergar ninguém.

Continuar pensando horizontes
e o mais é nada.
Dever:
ser o escudo
o guerreiro
e a espada.
Apenas ser
apenas ser.

Apenas ser
na minha totalidade.

Por agora
interminável hora
só mais um porquê:
Por que tudo
que se aproxima de um pouco
é perto de mim
e fica longe?

Longe longe longe...

Tal qual um monge
eu sigo numa busca infindável
do impossível inimaginável
e não canso.

Ou eu penso
ou descanso
mas hoje é perto demais
e está difícil.



Ígor Andrade

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2 comentários:

Hugo de Oliveira disse...

apenas ser em sua totalidade...isso já basta.

abraços
de luz e paz

Hugo

Anônimo disse...

"Depois da noite que não tive
sou o esgotamento
das mesmas coisas."

Poema incrível, Ígor, encantada!

Beijo.