sexta-feira, 18 de junho de 2010

Crisântemo










Crio tanta coisa que não floresce
tanta coisa que não preciso
tanta coisa que dentro mata
tanta coisa...

No entanto
se cria só, naquele quintal
alheio à tudo
alheio à todos
um crisântemo.

Só percebo agora.
Sim, ele me olha
eu percebo
ele me percebe
e a hora me devora.
Que bonito!
A vida quer crescer...

Ah se essa pequena flor de ouro
esse pequeno sol nascente
não me fizesse lembrar
de uma vida longa e saudável
nesta terra cheirosa...
Nada teria graça
e este não seria o jardim
mais vivo que me encontrei.



Ígor Andrade

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Um comentário:

Marcelino disse...

RomÂntico como no "Poeminha velho", anterior a este. Mas não nos precipitemos: este romântico nada tem de pejorativo, nem recende a rançoso: é um romantismo jovem, com vigor, telúrico.