terça-feira, 16 de agosto de 2011

Poema esquisito

Amanhece em mim
esta brisa
e um cansado pensamento.

Estou em mil lugares:
nos calmos mares
em distantes lares
fechados os bares
e grandes colares
no pescoço da moça que atravessa a rua.

Nua
esta terça-feira
de minha cefaléia.
(Leia-se: a impossibilidade
de entender as distâncias
também causa gastrite.)

O mundo é mesmo um sujeito traumático.
O mundo anda causando tendinite
nos meus versos.

Já não escrevo o que sinto
muito menos o que quero.
Escrevo apenas o que os outros sentem
e querem
ler.
Amanheço mentiroso.

Meu maior segredo
é incognoscível
e antevejo dor
antes da folha em branco.

Estou pronto pra dormir
e sonhar.
Rimar amanhecido
com lembrança lunar.

A manhã de hoje
é uma mulher
de andar desajeitado.



Ígor Andrade

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Um comentário:

Marcelino disse...

Nada de esquisito: ao contrário, um poema muito bonito, bonito inclusive pelo andar desajeitado dessa mulher poesia.