quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Eu não rezo antes de dormir. Eu escrevo.

Busco no dia
a brisa
que alivie
o que não sei explicar.

Preciso educar
os meus sentidos
com a insônia.

Eu quero dormir
de olhos abertos.
Tocar o céu incerto
sem este aperto
no peito.

Justifico a dor
quando deito.
Porque sonhar
é pouco.

Quero deitar
no colo da manhã
e ter a certeza
que apenas eu
anoiteço.

Hoje eu esqueço
e amanhã alguém esquece
que o sono só serve para nos aproximar da morte.



Ígor Andrade

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4 comentários:

Luiz Libório disse...

Sobre esquecer, como contava o velho Pessoa, "Só a loucura é que é grande! E só ela é que é feliz!".

Abraço, mano!

Rafa Antunes. disse...

falou tudo cara, faço tuas palavras as minhas [:

Marcelino disse...

Interessantíssimo o diálogo entre este poema e o "So(l)zinho": o não querer acordar, a manhã que rompe sem nossa aquiescência, a noite que srve de lenitivo.
Abraços.

Anônimo disse...

Visita! éque nossa reza é a que escrevemos, não mesmo!

Vltarei!.