quinta-feira, 22 de abril de 2010

A procura da poesia

A minha janela olha para o concreto
estou certo
este mundo imenso
imerso
não é reto
e eu aqui abstrato
tentando abstrair a totalidade de tudo
sou mesmo todo esse absurdo
e faço parte de alguma parte
que se perdeu.

Meus ombros pesam os prédios
que tento ignorar
com ignorância.

Abençoado seja o nosso lar
em algum lugar
de esperança?

Silêncio... silencio...

Quando me sinto agoniado
não rezo
não converso
me despeço
de mim.

Quando estou triste
escrevo
ou bebo
brigo
fico quieto
sinto medo...

Quando sou quando
me sinto mudo
mas mesmo assim
continuo sendo homem o bastante
para passar horas imaginando
o sentido das coisas.

Veja você.
A minha janela
que você não vê
é tão ela
é tão janela
no sentido das coisas
passando como horas
que me faz sem sentido
como os olhos de vidro
desta toda manhã.



Ígor Andrade

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Um comentário:

Késia Maximiano disse...

Tão delicado.. COmo tudo aqui!
Beijos