sábado, 31 de dezembro de 2011

Prefiro meu quarto



Último dia do ano
para alguns.



(Pouco me importa calendários.
Não ligo para medidas.
Não ligo para datas.
Pouco me interessa esse contágio de comemorações.
Me interessou ontem a breve alegria 
do empacotador surdo-mudo
de um supermercado aqui perto.
Ganhou um real da minha mãe.
...
Tem algo muito errado no sinônimo de sociedade.)



Não quero planejar coisa alguma.
A planta do "propósito divino" deveria bastar como análise.
E vocês realmente não ligam pra isso.


Prefiro viver esta tarde no sossego de minha brisa
concisa e imprecisa.
Ainda consigo ouvir o canto dos pássaros.


Este povo é surdo
e planeja demais, por isso se frustra.
Fazem planos os que não são plenos.


Pianos pesados que não tocam os corações!


Em panos quentes caminha a humanidade 
vencida...


O dia está cinza
- nublado como meu ser.
Eu preciso merecer minha xícara de café.
Eis minha real preocupação de hoje. 


Leio meus livros
e escrevo minhas bobagens.
Mais idiota que eu
só os que soltam fogos de artifício
e que tanto perturbam meu precioso silêncio.


Suntuosa véspera do ano-novo.
Algumas ignorâncias jamais mudarão.




Ígor Andrade

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2 comentários:

Anônimo disse...

Nenhum comentário até aqui.

Será que estavam ocupados demais, soltando fogos de artifício, para que pudessem te ler? e comentar?

Sei que eu estava dormindo. O Alprazolam me corrompido.

Dia 1º foi um desgraçado domingo.

Marcelino disse...

"Fazem planos os que não são plenos" Muito bonito isso, poeta, muito correto. Gostei da história do empacotador, da reflexão por ela sugerida; gopstei da irritação com os que soltam fogos (comungo dela), e o desfecho do texto ficou lindo.