domingo, 31 de outubro de 2010

Dil(e)ma (um poema desnecessário)

O país em vermelho
se prepara
para o próximo passo:

O abismo
o retrocesso
o escapismo
o descompasso.

Qualquer um eleito
seria o mesmo
daria no mesmo.
Tudo farinha do mesmo saco
é a minha impressão.

Como a maioria dos brasileiros
tenho o direito desde já
de não acreditar em mais ninguém.

Tenho direito de ser extremista
pelo menos em meus poemas
(sem sentido).

Não acredito na democracia
e nunca acreditei, aliás.

Eu penso que
escrever sobre a democracia
seria um poema impossível.


Ígor Andrade

_________________________________________________________________

3 comentários:

Cristiane disse...

Você é fantástico! ahahahh
Imagina na época da censura e da tortura... :(

Ígor Andrade disse...

Acho que muita coisa não mudou de lá pra cá. É uma questão de interpretação... rs

Marcelino disse...

A poesia é democrática porque ela está para todos e por todos. Veja só o seu caso:90% dos seus textos têm um cunho mais subjetivista, intimista e, de repente, vc nos brinda com um poema de tom mais social; ou seja, em seu espaço vc teve a liberdade de sair um pouco do esperado, mudar as expectativas, isso é liberdade de criação, vc não está preso a um determinado estilo de escrever, isso é democrático.
Gostei muito do texto, achei-o verdadeiro, mas não concordo com o "sem sentido" dos poemas, não é verdade, todos possuem um porquê e dizem sempre algo; poderia até concordar se vc estabelecesse que o "sem sentido" significa sem rumo preestabelecido, sem rota predefinida.