sábado, 28 de abril de 2012

O peso do carvalho



Adormece a língua da noite
na viagem do quarto escuro.
Se dissolve o tempo nas paredes.
O vinho, a água e o ar puro.
O porto seguro.
E um fantasma caminha na rua.
Tropeça na mesma calçada a úlcera crua.
Vida que segue seu curso.
A madrugada latina diferente dum poema russo.
As vírgulas se evaporam.
Enquanto pontos endurecem.
O silêncio existe.
O silêncio acontece.
Lembro de escrever o que você esquece.
E o sono não chega.
E o cão não dorme.
O vento venta um verso uniforme.
Meu relógio é uma pedra.
Meu filho não se chamará Pedro.
Antes era tarde.
Depois vai ser cedo.
Todo mundo tem coragem
mas só eu tenho medo.




Ígor Andrade

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Um comentário:

Marcelino disse...

Começou lindo (a língua da noite), terminou belíssimo: " mas só eu tenho medo"