quarta-feira, 11 de abril de 2012

A favor das janelas



Não aceito as coisas
como são.
Não aceito as coisas
como sou.
As coisas soam
o que não aceito.
Aceito as coisas
com suor.


Muito além de qualquer sentido de existência
eu vejo a acepção da palavra.
O asseio do tempo que ninguém entende.


Investigo tudo que sinto
e sempre me sinto
um animal selvagem.


Já não se fazem mais madrugadas no pântano como antigamente...


Tudo seco.
Tudo cego.
Tudo ego.


"Egossistema" de um ambiente sem seres vivos!


O mais é nada.
Do nada vim.
Pro nada vou.


Não me admito pensar menos
do que posso.
Não me admito pensar mais
do que não imagino.


Eu passo.
Eu posso.
No ócio do osso
o negócio.


Me sinto profundo e insosso.


Todo fosso é um delírio analfabeto do medo.
Todo medo é a consciência da vida letrada.
Toda vida é erudita em silêncios.


Todo o meu silêncio de hoje
é uma confusão de noites
em que não durmo em paz.




Ígor Andrade

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4 comentários:

Marcelino disse...

Adorei essa última estrofe. Gostaria de tê-la escrito, juro, poeta! Depois, vou lê-la mais uma vez, e mais outra, e mais outra.
Um abração.

Nadine Granad disse...

A-do-rei cada verso!!!
O jogo... ah!... esse jogo de sentidos e palavras!... Leio com os olhos brilhantes!!!
... Também perco noites...

Beijos =)

Diana Alves disse...

Lindo...a última estrofe foi mesmo que me matar! Sua sensibilidade toca o coração!

Ígor Andrade disse...

Leitores preciosos... Abraços!