terça-feira, 4 de outubro de 2011

Macacos

Para os amigos Adriano Oliveira e Luiz Libório
.

Formas humanas contraditórias.
Sombras de espaços vazios.
Silêncio das mãos postas em oração.
Amanhãs tão distantes quanto a sede do deserto.
Sorrisos falsificados.
Olhares míopes.

O efêmero da vida
permanece na morte.
O homem cria a espada.
A poesia faz o corte.

Sorte
de quem não me lê.

O que vou dizer
depois de tanto falar
da extinção?
Estes são
versos de um homem
que de tão perdido
se encontrou
em seus próprios limites.

Meus amigos,
a vida é o trágico minuto
em que esquecemos
do que fomos.

Somos o que somos
quando não sabemos
o que fazemos.

De quantos suicídios precisamos
para morrermos de fato?

As paredes brancas
sem retrato.

Agonia...

Havia aqui um poema bonito.
Um poema bonito aqui havia.

A vida.

Tudo nessa vida tem nome.
Tudo nessa vida tem fome.

O homem
por exemplo
é um bicho estranho
que batiza o que come.

Quer maluquice maior que esta?

Camaradas,
esqueçamos
o amor fati na essência do infinito
o eterno retorno e a vontade de potência
o super-homem na genealogia da moral.

Isso tudo é invenção
de alguém com a barba mal feita.



Ígor Andrade

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Um comentário:

Luiz Libório disse...

Se pudesse eu respondia todas essa perguntas (e também as afirmações). Discutimos tudo e nada até que, cansados de tudo e nada, escrevemos dinamites.

"Sorte de quem não me lê." hehe, ou não. Abraço hermano, e obrigado, imensamente obrigado, mais uma vez.