domingo, 30 de outubro de 2011

Domingo 05:25

Há muito que procuro o significado de ser
sendo eu mesmo o único poema em que me escrevo.

Ruas vazias ao amanhecer
enquanto o tempo passa
e eu despercebido
na ausência do silêncio
aqui dentro.

Nunca encontrei ressonância alguma
no cheiro de terra molhada
e nessa espera do calor subir.

Às vezes me vejo como uma calçada
cinza e com fendas que vão daqui ao Japão.
Procuro pés que pisem em mim com cuidado
suave como o caminhar de um rinoceronte...

O mormaço da alma
de certo é a perda de memória.
Incomoda os imbecis.

Muitos por aí falam de dor
mas não a carregam como eu.
Muitos bebem, fazem sexo ou se masturbam
e esquecem que vão morrer.
A morte é uma constante absurda
na minha fatídica existência.

(Pelo menos eu existo
ou logo penso...
Vai saber!)

Muitos por aí
vivem por acolá
enquanto eu
procuro meu aqui.

Acho que o sentido de qualquer vida
é esgotar os horizontes
tomando café
e lembrando da noite
que não tivemos.

A vida deve ser apenas um domingo
em que vou dormir sem hora pra acordar.



Ígor Andrade

_________________________________________________________________

Nenhum comentário: