quarta-feira, 27 de julho de 2011

O móvel do papai

Para Sofia Andrade.

Monto o móvel
como se fosse
um quebra-cabeça.
Tudo muito devagar.
Do meu jeito.

Meço, marco e furo
buracos na consciência das tábuas.

Todo (des)compensado
é o meu juízo
em qualquer processo de montagem.

Conforme monto este móvel
monto um monte de poemas
na minha cabeça.

O parafuso pára o fuso
entre chaves de fenda
martelos e alicates
neste plano cartesiano
de encaixes.

Construção é construção
seja ela onde for.

Poetizo a vida
em qualquer estrutura
ou sistema.

Daqui uns dias
o móvel no canto do quarto
ainda me lembrará o berço de Sofia
que só montarei depois da gravidez

A escolha da cor será minha.
Será minha?
A escolha de Sofia é nascer.

Acho que ela gostará de azul...



Ígor Andrade

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3 comentários:

Anônimo disse...

Lindo! Papai aguarda ansioso a vinda de bela Sofia. Bela poesia. Adorei. Beijos, querido! Au revoir.

Ígor Andrade disse...

Valeu, Natalia. Abração!

Rafaela G.B. disse...

Lindo demais!