quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Poeira invisível (um poema quântico)

Para Marcelo Gleiser.

Assim como o universo
me encontro em expansão.
Eu vivo uma constante
de grandezas que não me cabem.

É um infinito muito de tudo
e quanto desconhecido
que tento dolorosamente descobrir
à todo instante.

Tudo em mim beira impacto
e aguarda o colapso.

Eu já existia
antes de mim mesmo.

Eu já morri
antes de nascer.

Visualizo o corpo celeste
em primaveras que não vivi
e nem viverei.

Sou muito pequeno
pro meu tempo.

Sou como o universo.
Faço parte dele.
Devo unir o verso
de cada amanhã
mesmo que deixe de existir.

Tudo que sou
será esquecido
mais cedo
ou mais tarde.

Tudo que penso
ficará na eternidade.



Ígor Andrade

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2 comentários:

Anônimo disse...

Muito profundo. Eu também tenho essa necessidade de me sentir cada vez maior dentro de mim mesma. Tem gente que cresce pra fora, mas há aqueles que inteligentemente crescem para dentro, e quando isso acontece, a evolução não tem mais fim.

Como dizia minha querida Clarice Lispector: "E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior que eu mesma, e não me alcanço."

Acho tudo isso muito fascinante!

Lindíssimos versos!

Abraços!

Marcelino disse...

Suas poéticas relatividades também poderiam estar dedicadas a Einstein. Seria unir seu verso com o da Física: o racional e o metafísico.