quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Recorrente


Ando sonhando muito com meu irmão
chorando.
Falando um idioma esquisito.

Não consigo entender.
Não consigo esquecer.

A gente senta num banco velho
e pede um café pra nossa mãe.
Isso dura a vida toda.

Sonho doido.
Sou tão pouco.

A praça da calmaria foi abandonada.

Levo duas horas pra acordar.
O ar leva meio minuto pra sufocar alguém.

Meu irmão com cara de gente sofrida.
O cara que era o cara
não cura mais a ferida aberta.

Acordo mas o sonho não passa;
o sonho da praça.

Eu sei que meu irmão sofre
quando faz silêncio.
Sujeito difícil.
Edifício erguido na fraternidade imortal.

Um mar de lágrimas
que não seca com o tempo.
Embarcação com um medo profundo
de afundar.


Ígor Andrade

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2 comentários:

Para Nossas Partidas disse...

Muito Bom, Parabés....Sentimental, sentimental

Devaneios dela disse...

de tirar o fôlego...sem palavras para descrever os que sinto ao ler..simples e genial..