quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Eucarionte


Hoje amanheci pela tarde
bem tarde.
Todo torto.
Algo que não consigo explicar.

Uma quarta-feira tipo segunda.
Tediosa feito papo de crente.
Chega a ser indecente
essa preguiça de não saber aceitar
agruras.

A vida pode ser dura.
Eu posso ser uma pedra.
E pronto.
Não estou pronto.

Uma batida de carro na esquina
e eu acordo sem querer.

O que estou fazendo da vida?
O que estou com a vida?

Ainda mal sei quem sou.
Banco velho de praça abandonada.
Poeira nos olhos das calçadas.
Nada me serve se a chuva cair.
Dormir para não sonhar.

Acho que estou perdendo a vontade de escrever.
A vontade de esquecer
da poesia.

Ponho no bolso mais um dia
e saio para caminhar.


Ígor Andrade

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Um comentário:

Tania regina Contreiras disse...


A gente escreve mesmo quando acha que a vontade não existe. A falta de vontade precisa ser escrita. Tudo precisa ser, enfim, poesia.
Beijos,