quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Ocultação


A lua imensa
atravessa Júpiter
com uma certeza:
o espaço não tem ouvidos.

E meu silêncio esqueceu de mim.

Estou assim
meio cósmico.
E nunca falei tanto
sozinho.

Hoje até o cão mais vagabundo
encontrou uma sombra
na esquina.

É poético envelhecer
antes do poema?

Sinto um frio na espinha.
Uma folha em branco
tenta me ajudar.

Minha maior natureza sempre foi observar.
Sempre entendi a natureza de absorver.

(Segrego um segredo grego
de um gago gordo.
Só para entender o quanto
sou alienígena de mim.)

Sorver um café gelado.
Servir uma escrita quente.

Meu pulso mente
minha taquicardia.

A lua cheia.
A rua vazia.

Tudo fazia
uma beleza
tão nua...


Ígor Andrade



______________________________________________________________________

3 comentários:

Tania regina Contreiras disse...

É poético envelhecer
antes do poema?

Aqui pensando....

Beijos,

Fabio Rocha disse...

Genial!!! Abração, Mano!

Marcelino disse...

A lua é nossa mais antiga namorada. De Gonçalves Dias a Carlinhos Brown. Você, eu,Henrique Pimenta, todos já deixaram algum verso pra esse satélite maneiro.