terça-feira, 27 de novembro de 2012

Relatividades


Gosto de caminhar pela tarde.
Acredito que sinto que sou a metade
de um dia.

Saio por aí descobrindo pleonasmos nas calçadas.

Calor compartilhado
por um exército de vencidos.

O mundo não acaba nunca.
A nuca e o suor
na parada de ônibus.
Poesia agoniada.

Sei de pouco da vida.
Sou o pouco da vida.
E nunca pisei na lua.

Só de maneira imprópria
se fala do futuro.
O muro.
É duro.
O murro.

Que maravilha é não pensar em religiões.
O budismo do meu pai
que não aprendeu a meditar.

O sem-teto da esquina
tem no tato a sua fome.
Barriga sem nome
que ronca na curvatura do espaço-tempo.

A sede do Agreste se traduz num pensamento:
O solo é de quem sabe imaginar presentes.

Sigo por aí
até chegar
num lugar qualquer.


Ígor Andrade

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Um comentário:

Talita Prates disse...

(e esse pouco me parece tão suficiente.)

beijo, poeta.