"Quanto mais me elevo, menor fico aos olhos de quem não sabe voar." Friedrich Nietzsche
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Toca o telefone do meu vizinho
Toca o telefone do meu vizinho.
Ninguém atende.
Ninguém entende
o que tem de atender.
O que tem de ser entendido
às vezes é esquecido
por alguma surdez.
Um pedido:
silêncio.
Parece muito.
Parece pouco:
o que peço.
Só queria ler meu livro na varanda
sem o toque de um telefone.
O nome disso é velhice.
O resto é só a tarde.
A mesma tarde que passa...
Onde estão todos, que não atendem?
Onde estou eu, que não entendo?
O toque do telefone é esperança.
Alguém quer ser atendido.
Ser entendido é outra história.
Ígor Andrade
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2 comentários:
"O toque do telefone é esperança". Silêncio. Angústia. Alguém se lembrará de mim?
beijos,
Boa sacada, Igor, essa do telefone do vizinho: um toque do outro lado que nos desperta boas reflexões. É, não deixa de ser, um desvencilhar-se de alguma responsabilidade: toca, mas é lá; você ouve, mas não tem deveres em relação a isso.
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