sábado, 11 de agosto de 2012

Corredor


Entre os rostos de agosto
conheci um fantasma.
Asma de poeta
é camisa de força.
Ouça a madrugada
e seu assalto.
Asfalto divino intocável.
Sou o sujeito mais sozinho do mundo.
Ou devo ser burro demais
para entender a vida.
A vida não se entende.
A vida não se estende
por qualquer saudade.
Meu ventilador parou.
Meu juízo quebrou a bengala do aleijado.
Um soco de Muhammad Ali, por favor.
Preciso dormir
só por hoje.
O agora se embriagou.


Ígor Andrade

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3 comentários:

Marcelino disse...

É uma marca de teus textos essa aparente quebra q tu fazes na sequência de teus versos, ou seja, transitando entre o Eu (o homem, o poeta) e o outro (o mundo, a vida). Acho muito bonito isso tudo: a asma do poeta, o assalto da madrugada, o soco de Ali...
Essa quebra aparente de que falei há pouco me lembram as crônicas de Franklin de Oliveira na década de 1940.Muito boas, vale a pena lê-las.

Talita Prates disse...

Eu quem sou.

NãoSouEuéaOutra disse...

Sempre em cima do sopro! Oxigénio puro.

Um abraço.