domingo, 17 de junho de 2012

Um domingo como poucos



Uma verdade sobre os domingos: eles não sentem dor.
O domingo é um lobo solitário e silencioso, que ninguém percebe. Entre o lobo e a lebre, toda a fome de uma evolução. O domingo sim, mas a gente não. A gente é caça mesmo quando caça. A gente é o cão! Solidão é pra quem entende o que é soluçar. Coçar o queixo, de frente pro mar. Sussurrar pelas calçadas a saudade que só você conhece. Esquecer de quem te esquece. Caminhar. Até a esquina. Encontrar a dopamina e depois esbravejar. Velejar com a brisa do fim da tarde. O domingo arde e eu urdo. Absurdo é não me entender. Hoje minha mãe notou que fiz a barba, hoje eu quis crescer: observar e absorver o dia. Quem diria que tudo fosse assim? Limpo! O limo é o lema dos pecadores. Pescadores de ilusão derradeira. Amanhã é segunda-feira e eu não estou nem aí. Eu quero hoje algo pra mim, e desejo algo pra você. O domingo nem dói...




Ígor Andrade

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6 comentários:

Talita Prates disse...

Tempo nenhum sente dor.
Só quem se faz, dele, vítima.

Arrasador, como sempre.

Beijo, poeta.

Yana disse...

Bem, eu tenho temido mudar, Porque eu construí minha vida ao seu redor, Mas o tempo traz coragem; crianças envelhecem, Estou envelhecendo também.(sinopse do meu blog) Acessa o meu blog?

http://criancasenvelhecem.blogspot.com.br/ Espero a sua visita, se gostar do meu blog, segue lá, ficarei muito feliz. Desde já obrigada, tenha uma ótima semana. Atenciosamente Dinha'

Yana disse...

Howls Hammock

Anônimo disse...

Ainda não senti esse domingo. "Como poucos" mesmo.

Adrianna Coelho disse...


nossa! fiquei uns 3 anos afastada
e agora, voltando, encontro umas boas surpresas: vc é uma delas.

um domingo pode não sentir dor,
mas há uma hiperestesia por aqui.

Sérgio Medeiros disse...

Muito bom.