segunda-feira, 11 de junho de 2012

Segunda-feira



A academia, o banco, a casa lotérica, o supermercado e a clínica de fisioterapia. Todo mundo parece odiar todo mundo. O mundo não é esse todo. Só a moça que passa o rodo no chão que distribui sorrisos. Não que eu goste de todo mundo, porque sinto ódio também, mas tem algo muito errado aqui. Aqui, onde vivemos. Logo ali, nunca pensamos. Muito embora o normal é trocar o presente pelo futuro. O carro bate no muro. No escuro eu penso melhor. Ando muito cansado, estou só o pó. A poeira dos dias quer nos transformar em móveis. Seres humanos, mobília do lado de fora da casa. O pássaro quebra a asa. A vida é rasa. Não, a morte é funda. Não, não se confunda. Vivemos. E não oramos. O medíocre tenta saciar o insaciável. Eu fico triste. Tanta miséria opulenta e tanto coitadismo rico. Querem toda glória do universo, os desgraçados. Quero alguma paz pra mim, eu mesmo. Toda beleza que existe na justiça e sabedoria, se perdendo. Toda alienação desinteressante, se encontrando. Já não se fazem mais esquinas como antigamente. O semáforo quebrou e eu topei na mesma calçada de ontem. Todo mundo parece odiar todo mundo. E eu estou ficando cada vez mais lerdo.




Ígor Andrade


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