"Quanto mais me elevo, menor fico aos olhos de quem não sabe voar." Friedrich Nietzsche
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Confissões 1
Para Santo Agostinho.
Os anos passam como sempre.
Só que tudo diferente.
Caminho com a mente
no agora
e não minto pra hora
sobre o tempo.
Sobra tempo
e sobra fome.
Falta um nome
pra minha dor.
Vou fazer jejum de poesia
e quem sabe eu durmo um pouco.
O louco dorme pra não acordar
porque os olhos não abrem.
O entendimento da cegueira
ainda que eterno.
O ser humano é um inverno
silencioso.
Sonho.
É muito enfadonho
não entender o céu.
Medo medonho
de não crescer.
Adoecer
enquanto criança
e morrer
como um adulto patético.
Como não pensar nisso tudo?
Como não passar pelo dia de hoje
e não pensar no incansável?
E o que dizer sobre o invencível?
A inércia de um santo.
Canto "do alto de um vale"
que nada vale
pra quem não tem fé.
O ócio de um poeta.
Carrega no peito uma seta
que aponta pro inexistente.
A pobreza e a beleza.
Rico é quem nunca se olhou no espelho.
A sabedoria e a preguiça.
Agora sei que a preguiça é um prego sem cobiça
e sem cabimento.
Cabe em qualquer (pre)juízo um martelo
sem premissa
pra quem tem sofrimento.
Não vejo Deus no universo.
E nem vejo o universo em Deus.
Unir o verso na elegância da retórica
e admirar o desnecessário.
A verdade nunca existiu.
Engano a inteligência
que eu não tenho
com minha miopia de outra vida.
Na curvatura da madrugada...
o que entender sobre a existência?
Minha maior penitência
é entender os que não me entendem.
Os anos passam como sempre.
Só que tudo diferente.
Ígor Andrade
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2 comentários:
desculpe, mas: pqp...........!
Tocante! Aplausos!!
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