sábado, 5 de maio de 2012

Substantivo peregrino


Parei no tempo
ou o tempo é que parou em mim.
Acordo com a sensação de que preciso do silêncio
e não preciso do calor.

Já não se fazem mais tardes frias como antigamente.
Já não se fazem mais antigamentes como antigamente.
Já não se fazem mais fazeres que prestem.

Antigamente eu até fazia mais
por alguém
por alguns.
Não sei explicar direito como isso funciona.
Eu sei explicar como funciono melhor:
Crio inimigos imaginários para tentar compreender a guerra.
A alma encerra
em si
o que a gente não aceita.
Minha raiva deita
no chão
do lado da minha cadela
que dorme de barriga pra cima.
A calma rima
com um talvez de saudade.

Há um tempo atrás tinha menos do que tenho.
E não falo de dinheiro, falo de conhecimento.
Por um momento percebo que não conheci muita gente de lá pra cá.
Não sinto que faço parte da sociedade.
E não compartilho minhas dores com o mundo.
Tem muito ser humano imundo que não merece minha atenção.
Considero os que fazem parte da minha vida até a morte.
Fortes somos.
"E que se fodam os fracos e corruptos!"
Uns poucos me são muitos, como os amigos de academia.
Quem diria que a força bruta fosse ser tão companheira?

Hoje vou pegar minha vontade de isolamento
e partir rumo a intelectualidade verdadeira.
Imortalidade de entendimentos.
Instrumentos que executam o vazio.

Repito:
Aqui não faz frio, faz calor.

Mas tenho as mãos geladas
e suadas.

Ainda não almocei...

Eu sei
mais do sábado do que ele mesmo...

...

O sábado é um sujeito sozinho, perdido num quarto branco, preocupado mais com as cervejas na geladeira do que com o aquecimento global, e não gosta de gente. O sábado sente que precisa de algo que não existe. E o que existe precisa da noite, e não do domingo.

O sábado sabe.
O sábado sobe.
O sábado e o sabre.
Sóbrio é que não vou ficar.


Ígor Andrade

__________________________________________________________________________________

Nenhum comentário: