terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O "confort azul" da blusa rosa



À noite, acordo.
A noite acorda.
À noite, a corda.


Uma forca sem acordo.


Céu de hoje
peso morto.
Agora pouco
se foi meu porto.


Navio em mar absorto.


Sinto a tempestade
mas sei que vai passar.
Tudo além de mim
tão perto de todo amar.


Há mar 
em qualquer saudade.


Meu quarto parece maior.
Meu peito parece menor.
O segredo da vida é a ansiedade
- controlada.


Hoje cedo, antes da noite
e antes de mais nada
caminhei na mesma calçada.
(E eu preciso entender melhor as esquinas.)


À noite, acordo.
À noite, desperto. 
Longe mesmo só a porta
branca, gelada e torta.
A porta é arte que tenho perto.


Tudo certo
se a janela não está morta.


A noite em Marte.
A noite é morte.
À noite, todo forte
é outra parte.


Um prato à la carte
entre a digestão do tempo
e o segundo antes do infarte.




Ígor Andrade

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5 comentários:

Carina Destempero disse...

Igor, vc tem que escrever um livro. Já.

Talita Prates disse...

Poeta!

(suspiro de admiração!)

Dan Porto disse...

Delicioso, Ígor.
Delicioso Ígor.
Admiro quem sabe usar pontos e dar pausas.
Poesia simples e tocante.
Parabéns.

Ígor Andrade disse...

Carina e Talita, o prefácio é de vocês. Se virem!

Ígor Andrade disse...

Valeu, Dan!
Abraço!