quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

É inefável e é tudo nosso



A ponta da cama aponta pro ponto da noite, e no infinito das reticências se perde. Eu me perco em cada lembrança das gotas de suor, e o pior, é que nunca vou esquecer. O banho lava alma, mas não acalma ninguém. Existe alguém em outro chuveiro. Existe uma fonte no além. Tenho calma em algum paraíso. Se não for isso um inferno serei. A madrugada passa quietinha no sorriso que não é meu. O chuvisco fala baixinho no vento que não me pertence. E as paredes do meu quarto desfilam um branco ensurdecedor. Antes o que era dor virou propósito, e a propósito, eu não estou aqui. É de propósito que fujo para o outro lado da cidade. É lá que me prometeram paz. Tudo que se desfaz num minuto dura uma eternidade na mão do poeta. Tenho o que preciso para não ser mais um motivo de vergonha para família. Tenho tudo para não impressionar ninguém. Tenho folhas em branco e canetas maduras. Me amargura querer outro mundo sem ter café nessas horas.




Ígor Andrade

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