quinta-feira, 30 de julho de 2009

Bolsa de sangue

A luta pela sobrevivência é a coisa mais triste e bonita que já vi. Lutar é preciso, e sobreviver também ( ou não?). A morte é que quase ninguém entende, porque entender a razão das coisas não é inteligência.
Hoje rascunho toda a minha dor num hemograma do meu amigo-cão. Não suporto mais a contagem das plaquetas, de glóbulos vermelhos e brancos. Está tudo sem cor com uma placa escrita fim. Minha poesia está coagulada, e é sólida a solidão.
Perdi um grande amigo e essas palavras sanguíneas querem me matar. Pior que isso, morro. Morri quando ele morreu. Deixa de existir duas existências agora.
Mudamos e crescemos juntos, e nos separamos por terra. Lembranças serão lembradas até a exaustão, e confesso estar exausto para escrever mais.
A vida segue, aliás, seguimos com ela.
A vida se vive e a morte se morre, o resto está entre isso.



Ígor Andrade

____________________________________________________________________

Nenhum comentário: