sexta-feira, 2 de março de 2012

Noite viva



Para Manuel Bandeira.


Noite viva.
No meio da rua a luz
amarela do poste.


Nenhum carro passa.
O passo do mendigo
silencia a calçada.


Muita sombra e pouca sobra. 
Sobre a madrugada eu me encho de certezas.


(Num quarto qualquer
Antônia é antonímia de mesmice
e Pedro pede socorro em seu casamento.)


A noite é viva na madrugada
que nunca tive.
Nunca tenho o que mais quero.


Venta um vento leve
que me leva para longe daqui.
A noite é o bálsamo dos poetas...


Nesta rua sem olhares
sinto que sou do tamanho que quiser
ou até maior
em minha surdez.




Ígor Andrade

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2 comentários:

Anônimo disse...

Nenhum carro passa porque todos passam.

Ígor Andrade disse...

Pois é, Andressa, tudo passa...