domingo, 22 de janeiro de 2012

Parei na esquina



O peito cansado e rouco.
A rua escura e vazia.
E eu não sabia
onde me encontrar.


Onde não me encontrei
no tempo
com pouco espaço.
Eu me refaço
é na poesia.


Passando a noite
e passado o dia.
Eis que o pouco que penso
só pode ser presente.


Estou ausente de mim
inerte na frente do fronte.
Aponta pra longe e segue.
A ponte é a fonte
e nós nos atravessamos.


Somos e fomos
cada bendito dia
que amanhece e passa.
A saudade vira fumaça
e deixo o vento levar.


Deixa a chuva lavar o juízo.
A cura só vem com a morte.
Sou fraco ao mesmo tempo que sou forte.
O prejuízo da dor transcende o aprendizado.


Para cada verso largado
na esquina de cada calçada
penso numa morada
que desencontra o averso de mim.


Sou assim:
um pouco de tudo
que nunca vi.




Ígor Andrade

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2 comentários:

Luis Gustavo Brito Dias disse...

- talvez sejamos assim mesmo, igor. uma fuga do que é material e concreto. parto do princípio que este mundo é o que projetamos... sua poesia me fez refletir sobre ainda mais sobre "um pouco de tudo / que nunca vi"

mas que desejamos, sempre.

Ígor Andrade disse...

Valeu,Luís. Abraço!