domingo, 29 de janeiro de 2012

Incomprehensibìlis


Eu acho que hoje não acordei. Um agora que parece ontem. Talvez tenha sido a noite, na certeza que tenho sido o que ando sendo. Porque sou, ainda que na teimosia, e porque tenho tudo quanto quero. No fundo de minhas teorizações eu só espero minha mulher voltar pra minha cama. E é aí que a trama vira desgrama. Não sei se estou escrevendo ou sonhando. Sigo meu pensamento pela sala, vou caminhando, sem deixar derramar o café. Meu pé está gelado, enquanto minha mão esquenta. Do outro lado da rua alguém desiste, e o eu do outro lado de mim não se aguenta. Sinto é saudade. A conformidade de lembrar e ainda querer é tudo que me escreve. O ignorante ainda vive. O vento ainda é leve. Levem de mim esta folha em branco. Hoje não me sinto tão vazio quanto a rua. O banco da praça tem lá seu aconchego, e passei tão longe de lá. Pode faltar qualquer coisa nesta noite, mas a lembrança não me deixa esperar. Estou escrevendo uma lógica que não quero entender. Estou entendendo um alguém que não quero esquecer. Hoje bem longe de mim ficou a filosofia sobre a morte.


Ígor Andrade

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2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, muito bom!
Parabéns pelos textos!
Abraços

Ígor Andrade disse...

Valeu, Thaís. Abraço!