terça-feira, 26 de abril de 2011

Domingo do meu Pecém (24/04/2011)

Há dias
que estou
procrastinando um poema.

Um pássaro
na beira da piscina
bica a água e perde uma pena.

Tudo que vejo
é como me sinto.

O pequeno pássaro
perdeu seu verso pro vento.

Cada poema nasce
às vezes não cresce
mas voa.

Escrever é ser
essa mutação
de olhar o que de fora
existe dentro de nós.

Entendo as mudanças
mas nem sempre é bom.
Entendo o que é bom
mas nem sempre é mudança.

Há dias
vejo um poema
se formando
e me formando
e não sei explicar
o que é esse sentir.

(Já não sei
se era este o poema
que eu queria escrever.)

Há dias
eu esperava
por este pássaro
na beira da piscina.

Acho que é isso...



Ígor Andrade

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Um comentário:

Marcelino disse...

Versos com muitas vozes, a tua, claro, é a principal, a que molda e conforma todas as demais:Drummond (1ª estrofe),Cecília Meireles(2ª estrofe), Pessoa e seu Alberto Caeiro (nas estrofes 3 e 5 ), mas há mais vozes, tudo pura lira.