terça-feira, 19 de abril de 2011

Aldeota

Esse bairro
supostamente nobre
de poucos cães
e muitos pobres
de cultura e educação
(caixa torácica sem coração)
sufoca o meu ser
com toda essa aparência.

Saibam que por aqui:
carro caro
e muito dinheiro
acompanham o egoísmo
do egoísta de ego grande
e mente pequena.

Sinto-me perfeitamente normal
em sentir pena...

(Se atropelar um carroceiro
ganha bônus no cartão de crédito!
Se xingar alguém no sinal
ganha milhas de viagem
na companhia aérea da puta que pariu!)

Confesso este retrocesso:
tem gente que não é gente.
Ponto!

O poeta pode parir um poema
atravessando o barulho da rua
mas ainda não consegue achar
uma calçada que preste para caminhar.



Ígor Andrade

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2 comentários:

Marcelino disse...

Excelente, poeta. Gosto muito quando tu te libertas da primeira pessoa e invade o campo do social; nesses momentos tu mostras o poder da poesia, que cantando denuncia um recorte do real. Parabéns.

Fernando Luiz disse...

Tenho a mesma impressão quando caminho por certos setores da nossa Fortaleza "Bela"... Excelente registro Igor, parabéns!!!