terça-feira, 14 de maio de 2013

A flor do sinal


Para minha mãe Rejane Maria, minha tia Regina Pinho e minha sogra Dona Lucivanda.

O que é ser mãe?

É ser tudo.
Poesia de nascer
no presente do absurdo.
É o maior mundo
e todas as suas possibilidades
de fazer o melhor.

É sentir-se o pó
num dia cansativo de um filho febril.
É ser mil
mesmo que seja pouco.
Porque até para cada louco
existiu um útero puro.

Ser mãe
é colher maduro
antes da semente.
Divindade que não sente
dor
nem frio.

Eu me arrepio
quando penso na minha mãe.

Quer entender o que significa força?
Observe uma criança comer
enquanto a mãe sente fome.
Ter uma mãe é ter um nome
na eternidade de todo paraíso.

E para todo riso
existe uma mesa farta
num almoço de domingo.

E para cada barriga cheia
existe uma lágrima de alegria
num travesseiro tranquilo.

Ser isso e aquilo
e cuidar em ter cuidado.

Curar enquanto a vida durar.

Ser mãe é um viver laborioso
num laboratório desértico.
Antes do pai
a mãe é o lógico
além do ético.
E todo parir é uma oração.

Ser mãe
e sermão
verbo estar sem estação
de um estado longe.

Toda mãe é um monge
que não precisa meditar.
Hoje me sobra palavra
mas me falta o ar.

Hoje me sinto alguém.
Amor de mãe.
Amém.

Amei
e sou amado.

("Vocês, mães, são os meus amores!" E só esta frase já seria o meu melhor poema...)


Ígor Andrade

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