"Quanto mais me elevo, menor fico aos olhos de quem não sabe voar." Friedrich Nietzsche
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Chega
(sem a menor graça)
e eu desanimado
tentando melhorar.
Mal estive
mal-estar
mal estou
(que eu não esqueça deste dia).
Mas chega!
Enquanto o fim do ano não chega
algo tem de começar
ou mudar.
Ígor Andrade
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terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Que dia?
que o dia passou
e nem vi
me pego pensando
no que não lembro.
Ígor Andrade
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Acorde
de acordo com o sonho...
Descoordenado
desorientado
desiludido
decepcionado
comigo mesmo.
Que vida é esta
que levo
e não me leva
a lugar algum?
Acabo sempre
sendo
o que não me tornei.
Ígor Andrade
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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Chove (04:44)
não chora mais que eu
livre.
Ígor Andrade
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O valor é relativo
disse que eu era um lixo.
Logo reciclei meus pensamentos.
Ígor Andrade
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Mentimos
Nunca tive ninguém
que mentisse tão bem.
Ígor Andrade
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Não prometa
Promessa é dúvida.
Promessa é dádiva.
Ígor Andrade
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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Somos o que somos
Um poeta
precisa de paixão
precisa de pai
precisa de paz
precisa de papel.
Ser humano
é inspiração demais
para nossos devaneios.
Um poeta
precisa de pontes
portas
janelas.
Olhar o céu todo dia
e não se cansar.
Precisa de nada e tudo
precisa de antes e depois
precisa de nunca e sempre.
Existir e escrever
porque a vida é um texto raro
de linhas tortas.
"A poesia
não leva a nada.
Leva a tudo."
A poesia nos levou
e nos trouxe
para este mundo
que é o mesmo e diferente.
Quanto mais penso
que somos poetas
mais sou
um poeta que não pensa.
Só sinto.
Sentir é pensar quieto
ou preocupado
gritar no silêncio
a loucura mais pura.
Sincronicidades à parte
a nossa vida é poesia
sem limite
sem data
sem dia
e sem fim.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Desarmonia universal
pensando no como
pensando em tentar
não pensar.
(Me sinto preparado
e não sei bem pra quê.
Me sinto esquecido
e não sei bem por quem.)
Não há uma lei
neste momento
neste maldito mundo
que me condene
a parar de pensar
neste universo.
Preciso
de um novo verso
não muito preciso
embora precioso
que me afete
neste dia
que começou diferente.
Ígor Andrade
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terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Discutindo a relação...
Devemos juntar os cacos
nos levantar da queda
e sermos o que somos
outra vez.
Costumava ser importante
pro sujeito (sem jeito) aqui
ser bom pra você.
Ainda te vejo com os mesmos olhos
(míopes e cansados):
a mesma grandiosa mulher.
Ainda te leio...
Ainda me vejo melhor
porque sou menos pior
quando falo contigo.
Devemos dançar
ou devemos nos aleijar
como amigos
sem música?
Ígor Andrade
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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Ruim
alguém me leva
sou passado.
Algo que passa me leva
alguém que passa
estou atrasado.
Presente de antes
sou algo perdido
estou durante o fim.
Ígor Andrade
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domingo, 13 de dezembro de 2009
ContemplaDOR
e aprender
a perder
qualquer tudo
que nunca tive
nesta manhã
de poesia quieta
e saudade falante.
Ígor Andrade
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sábado, 12 de dezembro de 2009
Cores
em noite sufocante
enquanto respiro um ar que não é meu.
Minha paz é branca
toda lembrança, rosada
e a madrugada é azul.
Igor Andrade
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Sem jeito
do que fizeram
quando não se sabe
o que se tem feito?
Ígor Andrade
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Pronuncio a renúncia
a boca que cospe
não beija.
Ígor Andrade
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Poema-besta
a vida me empurra
e eu deixo.
A vida não é burra
a vida não me empurra
e eu me queixo.
A vida sabe
a vida é saber.
Burros somos eu e você.
Ígor Andrade
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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Fico (ao contrário).
com medo.
Não consigo sentir
sem fome.
Não consigo admitir
o erro.
Não consigo partir.
Que se dane!
É incontestável
toda vontade que tenho
de apenas ter
a tranquilidade
que não chega nunca.
Que se dane!
Não consigo partir.
O erro
não consigo admitir.
Sem fome
não consigo sentir.
Com medo
não consigo dormir.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Óbice
Devo esquecer qualquer plano que não segui.
Devo amanhecer da mesma forma e diferente.
Devo amadurecer, não dever nada e sorrir?
obs: A rima de hoje não importa mais do que dever este poema para minha inquietação.
Ígor Andrade
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Olhos miúdos (este título pode e deve mudar).
que é um deserto
a sede me ama
e me amo incerto.
Olhando do teto
o quanto sou pequeno
diante do que sinto (grande)
para continuar sozinho
seguindo seguindo
fugindo fugindo
mentindo mentindo.
Daqui de cima
toda paisagem
é uma passagem
de lembrança boa
que não posso suportar.
Inóspito deitar
há de se esperar
eu dono de mim.
Ígor Andrade
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terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Direito
Justiça seja feita
se a terra foi fértil
a hora é da colheita.
Ígor Andrade
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Feliz idade
Metade de mim
quer ser como você
crescer como você
viver como você
sem metades.
Seguir sem medos
mover o mundo
fazer de cada dia
o pouco do tudo
ser um sujeito bom.
A outra metade de mim
diz que nunca serei assim
e, sinceramente, acho melhor
porque tenho você
diferente de mim
do meu lado.
Essa vontade viva
de ser o que você é
move minha metade morta
que só ressuscita quando quero
quando espero ser como você
o melhor homem que conheço
com as melhores qualidades
que já conheci.
Ígor Andrade
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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
A festa de ontem
todos conversam
todos dançam
todos todos
fazem de tudo
para mostrar o que não são.
Eu não!
Distante de todos
pensando em tudo
calado e profundo
eu e eu
não estou feliz.
Ígor Andrade
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To Be Atriz
do mais simples
me deixa feliz.
Ígor Andrade
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A ausência
sede de ti
ser-te enquanto estou só
(e quando estou contigo
também
tão bem).
Só mais um dia
e eu consigo
te trazer a noite.
Ígor Andrade
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Pausa pro lanche
dormindo às sete
domina a preguiça.
Que preguiça!
Dor nas pernas
e na barriga cheia
o vazio filosófico
de comer as sobras de ontem
para esquecer a falta de amanhã.
Ígor Andrade
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sábado, 5 de dezembro de 2009
Releitura - 6 kms
segui só
cheguei eu.
Todos juntos
somos o caminho.
Ígor Andrade
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6 kms (passos dados, versos chegados)
porque queria fugir
do que não sou.
E cheguei
me encontrando
em cada passada.
Ígor Andrade
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sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Com modos
sinto a dor
desde que nasci
de ganhar
(sem medos).
Ígor Andrade
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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Cri ar
A crise de Cris
me deixa mais crítico
e a criação me deixa anestesiado.
Cris critica
tudo que é critério.
Cris está certa.
Confrontar o óbvio é preciso
preciso de sua falta de juízo.
Cris
crisálida
cristal.
Cris boa
Cris alta
Cris mau.
Crio coragem
porque creio em Cris
e Cris cria asas
no céu que não é mais meu.
Ígor Andrade
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Uma vida em um minuto
sem ação eu peso
o quarto vazio
um quadro frio
uma tonelada ou mais
de revolta
o erro volta
e tudo em volta
tanta falta me faz.
Ígor Andrade
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O sentido da vida (ou da vista).
que nem são meus
amadurecem minha visão.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Todo
uma lembrança imaculada
me sinto sujo.
Ígor Andrade
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Canon
Um concurso
muda o curso
de um dia.
Se um dia
cheguei a pensar
em qualquer surpresa literária
me enganei.
Cheguei num ponto
que não sei escrever um conto
e minha poesia não me surpreende mais.
Ígor Andrade
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segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Rodízio
Discutem sobre relacionamento
e concluo que não sei me relacionar.
Me dou pouco ou peço muito
ou peço ainda mais e me dou ainda menos.
Pelo menos descobri o problema
ele está em mim.
Discutem sobre relacionamento
minha cabeça longe
tentando mostrar que estou entendendo
que sou bom ouvinte
que estou realmente ali.
Discutem sobre relacionamento
me sinto mal em perder tempo
preciso estudar mais
aprender mais
ler mais
viver mais
quem sabe dormir menos.
Discutem sobre relacionamento
pensamento no universo
pensando no fim de tudo
apesar de não acreditar
(em casa um documentário pausado
sobre as profecias Maia).
Discutem sobre relacionamento
continuo longe
agora calado
parado no tempo.
Lembro de quando não tinha quem amar
por isso me amava menos.
Hoje amo e sofro.
Discutem sobre relacionamento
como pizza
(que não tem gosto bom)
comemos pizza
(eles parecem gostar)
nos empanturramos
de carboidrato e gordura
e esvaziamos as mentes
discutindo relacionamentos
que provavelmente acabaram
ou acabarão
antes do próximo rodízio
ou antes da vida deste garçom infeliz desatencioso
que não traz a conta.
Discutem sobre relacionamento
e a noite me diverte
cada momento estou num lugar diferente
e agora penso diferente
sobre o meu relacionamento
sobre o que é se relacionar.
Eles discutem
e eu de barriga cheia
penso melhor...
Ígor Andrade
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quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Eu sabia 5
me inspira
o dia.
Ígor Andrade
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The Observer
Observo atento
tudo nesta manhã...
O céu é dos pássaros
(tento não voar)
e toda vida é a mesma.
Viva e pura.
Ao som dos cantos
e do vento
imagino que entre o início e o fim
existe um alguém aqui dentro
como havia no Reino Unido
cuja maior qualidade
era observar.
Ígor Andrade
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Do movimento
precisa de expansão
expressão
algo mais que só ver
muito menos que contração.
Preciso muito ler
o que a vida me escreve
sem culpa
sem medo
sem desespero.
Agora eu espero.
Esta vida
é outra vida
que me inventa
e me atenta.
O que mais me orienta
é a pulsação.
Vida
eu também a invento
neste caminhar lento
distração.
Ígor Andrade
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terça-feira, 24 de novembro de 2009
(A)corda
é aprender
a sustentar o lado pesado
para não perder o lado leve.
(Este poema está desequilibrado.)
Ígor Andrade
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segunda-feira, 23 de novembro de 2009
(R)adiante
muito além
de mim.
Ígor Andrade
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Separação (outro poema que não é meu)
Para quem vou mostrar os poemas
que escrevi pensando em ti?
Não penso mais em escrever
mas ainda penso em você me lendo.
E agora?
Ígor Andrade
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Unidos perderemos (um poema que não é meu)
nós partimos
nos partimos
e parte do que era
essa caminhada
nossa caminhada
parou.
Ígor Andrade
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sábado, 21 de novembro de 2009
Vigília
é um cão
cuidadoso.
Ígor Andrade
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Vivente
dessa vida que vivo.
Estou vivo
como nunca.
Não procuro entender as pessoas
procuro as pessoas que me entendam.
Isto me faz entender este universo
de compreensão complicada.
Numa hora
sou princípio tranquilo
no minuto seguinte
alma agoniada.
Sou o ser que é
e que deseja ser
o que nunca será.
Isso sempre foi a minha verdadeira força criadora!
Vida minha
que parece cinema mudo
e eu faço de tudo
no silêncio engraçado e libertador.
Eu sei que existe uma Pasárgada
próxima daqui
e eu vou conseguir
porque algo acaba sempre
dando certo no final.
Ígor Andrade
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Largada
porque o tempo passa
e eu não passo
de falta de calma
que pára
na vontade de correr.
Ígor Andrade
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A última confissão ou o primeiro desabafo.
antes que você precise dizer
que não me ama mais.
Ígor Andrade
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quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Atravesso
do eu cheio
sorrir.
Ígor Andrade
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Amanhã seu
enquanto meu sonho é grande
porque o meu sono é curto
e antes que acabe o mundo
tudo é meu.
A manhã é minha
não quero mais nada.
Ígor Andrade
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domingo, 15 de novembro de 2009
Conflito
um bem-te-vi me visita
na janela de novo.
Ígor Andrade
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Acontecer
não como antes
mas com uma paz estranha
que arranha o silêncio.
Estou além
do que imaginava
como se imaginação fosse tudo
para eu não enlouquecer.
Ígor Andrade
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sábado, 14 de novembro de 2009
Agridoce
Meus poemas meio desorientados
no oriente médio...
(Minha poesia mediterrânea
salva tanto quanto Alá.)
Sou um deserto invadido agora
de certo pela paz
dos versos áridos
em terra prometida.
Sem arma, sem petróleo e sem guerra
sinto o gosto das tâmaras
numa tarde calma
que não vivi.
Ígor Andrade
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sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Avenida Beira-Mar
Na beira-mar
reaprendi a andar
(reaprendi a amar)
beiro a serenidade
no salgado cheiro do ar.
As pernas doem mais que o peito
e vejo muito mais além da minha miopia.
Meu estado
é um litoral calmo
de vida preservada
de ida e volta
alimentada por um desejo único
de conseguir.
As ondas que quebram perto
sou eu longe daqui.
Ígor Andrade
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Corrida
corro
corro
(não mato
e nem morro)
estou vivo
uma hora dessa
eu chego lá.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Eu sabia 4
vejo
harmonia.
Ígor Andrade
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Qualquer sonata
nesta noite sem música
com a fantasia de ser
amado
ou
abraçado
ou
esquecido
pela mulher que não existiu.
O piano da sala
não toca
mas continua lá.
Ígor Andrade
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terça-feira, 10 de novembro de 2009
Administrativo (um poema desconcentrado)
uma droga de agente
e a gente
não se entende
para que eu possa
estudar direito
e para que eu passe
a entender
o que é administração.
Ígor Andrade
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Princípio da utilidade
não sou útil
e nem quero.
Ígor Andrade
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Regra de ouro
vi que não tenho lógica
e para minha vida prática
é melhor mudar a ótica.
Ígor Andrade
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Morra
sigo a vida
quem vive me segue.
Ígor Andrade
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segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Repouso
mais
me canso.
Ígor Andrade
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domingo, 8 de novembro de 2009
3
Para quem prometer, se não há alguém?
Afinal, o que é, e para que serve uma promessa?
Ígor Andrade
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Rua
esse chão parado
e eu
tocado por verdades secas.
Ígor Andrade
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Retardado
um leve vento
e eu pesado.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Talvez hoje
quer morrer
por não te merecer.
Ígor Andrade
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domingo, 25 de outubro de 2009
Acordo
no meio do nada
sem o peso de nada
e estou leve
ou livre
(que o vento não me leve esta sensação).
De braços abertos
procuro
no escuro
os abraços que eu perdi.
Ígor Andrade
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Acelero
e eu lerdo
não sabia.
Ígor Andrade
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Today
o que não tinha
sob a lua cheia que não vi
e sorri
com o sorriso que não é meu.
Eu não mais me pertenço
eu me venço
se não me perco nos poemas
que te dei.
Ígor Andrade
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Céu limpo
que eu nem lembrava mais
fez o que ninguém faz:
lembrou de mim.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Visão
o mundo se abre
quando não me fecho
para pensar
no que eu era antes.
Ígor Andrade
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segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Eu sabia 3
é
fantasia.
Ígor Andrade
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Quem diria 2
é que ela
não sabia.
Ígor Andrade
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Por tanto
que nem parecia tarde
mas que não era tarde
eu pensei que era tarde
só que a tarde ainda era cedo.
Antes da noite
às vezes
sinto medo...
Porque demora o escurecer.
Eu apenas sei que a tarde foi fria
no entardecer da dúvida
que sorria
e me fez bem.
Algumas horas no meio do dia
em que meus olhos paravam
o céu se movia
nas perguntas que eu ventilava
de um teimoso porém.
Ígor Andrade
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domingo, 18 de outubro de 2009
Quem diria
dessa história
é que ela mentia.
Ígor Andrade
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Há um verbo também
(como sempre houve)
na minha boca
que vai secar com o tempo
para não cuspir a mágoa
e não virar lamento.
Há um verso molhado
que chora
e não sai.
Há um verso morto
que ainda morre.
Ígor Andrade
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sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Na verdade foram 3
um dramin
uma cama.
Ígor Andrade
(obs: não tinha nada mais forte em casa, só uma cartela de dramin 100mg)
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Da necessidade
de algo mais
que não seja esse menos.
Ígor Andrade
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Eu que me lasque
eu exijo demais de mim.
Eu afasto todos
eu me afasto também.
Eu vou ficar sozinho
eu vou ficar melhor.
Ígor Andrade
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Porque a falácia me irrita
que em bocas vadias
se perturba.
(Sou um cara barato
que ama de graça
e ama a desgraça.)
Não sou de discursos
e duvido dos milagres
e não vejo graça em falar qualquer coisa em qualquer hora
só por falar.
Sempre preferi observar
e mesmo assim
ainda sinto ciúme
de todas as palavras
que não falei.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Eu sabia 2
pra mim
é ventania.
Ígor Andrade
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Eu preciso mudar
antes que ela não me mude.
Preciso mudar a mudança
sem ter de andar tanto
no sentido contrário.
Eu preciso mudar
esse tal hábito de sofrer...
para não ficar como meu pai
imaginando conspiração em tudo
ou como minha mãe
com todos os medos do mundo
até de si mesma.
Quanto mais vivo, menos acredito nas pessoas
e isso não é ruim, pelo menos pra mim.
Talvez precise mudar isso também.
Eu preciso mudar todo dia
de idéia e de lugar.
O que eu penso é transformação
e onde estou é sempre onde não quero estar.
Eu preciso mesmo
e sempre
sair de todo o mesmo
sempre
e mudar.
Ígor Andrade
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terça-feira, 13 de outubro de 2009
Hoje sou dois
logo
não sinto solidão.
Ígor Andrade
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sábado, 10 de outubro de 2009
Cresço
depois da calmaria
enlouqueço.
Ígor Andrade
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Indefeso
escreve e geme
depois da porta
o desejo entorta
e tudo passa
e haja graça.
Ígor Andrade
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quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Rembrandt - Philosopher in Meditation
Não preciso
Não preciso desse agora
que nem é
e se pensar bem
nem foi.
Não preciso!
Esse agora
é uma hora
que passa sem existir.
Ígor Andrade
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Grave
meu silêncio
-morada tranquila e selvagem
do homem primata
que não mata
mas vive
na caverna imaginária
que ecoa solidão.
Ígor Andrade
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terça-feira, 6 de outubro de 2009
Eu sabia
em mim
nasce a poesia.
Ígor Andrade
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Procuro
procuro escrever
procuro esquecer.
Já quase amanhecendo
já quase me perdendo
já quase resolvendo
dormir pra não enlouquecer.
Falta alguma coisa
em algum lugar
onde ganhar é pior que perder.
Ígor Andrade
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segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Diria
o sono desce
o medo cresce
e o nervo que move
tudo que não pode se mover
parece novo
e de novo
me faz raiar o dia.
Ígor Andrade
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domingo, 4 de outubro de 2009
Para Carl Sagan
aonde vou me decompor.
Mas minha composição
agradece a ciência simples
de suas bilhões e bilhões
de sábias palavras.
Ígor Andrade
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Imagem e ação
que quero falar
nasce de uma boca rosada
que cansei de beijar.
Minhas frases mais bonitas
ganham composição no teu corpo
seu pescoço, reticências
tua barriga, ponto final
entre tuas pernas, eu morto.
Ígor Andrade
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sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Atenho
por que tinha me perdido
eu perguntava pro meu amor
por que não encontrava deus nenhum
nessa história.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 30 de setembro de 2009
A cura
A poesia
me mantém vivo
até quando morro aos pouquinhos.
Me mantém lúcido
e me sintoniza com o tempo.
Estou de pé
decidindo para que horizonte
seguir.
Que o sol continue nascendo
ou se pondo
e que os mosquitos
não me roubem o silêncio.
Ígor Andrade
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Porque sério não posso
que antes era só meu
e nosso.
Ígor Andrade
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Quanto de mim?
espera uma lógica de tudo
e se faz em pensamento
a ótica de um mundo
em que o mais absurdo sofrimento
me faz sorrir?
Ígor Andrade
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Sem ar, eu me engano.
com as piadas que escutei.
Esqueci do dinheiro
que não tenho.
Esqueci dos problemas
que são muitos.
Esqueci até que esquecer faz bem
(depende do que se esquece).
Com a vista cansada
a costela quebrada
e um leve sorriso
tentarei dormir.
Ígor Andrade
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segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Olhando com outros olhos
e eu mal
sou.
Ígor Andrade
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A ressaca
não é pior que a minha.
A minha ressaca é o fim.
Me choco com as ondas
do mal-estar
de mal estar
acordado
num estado decadente
de inconstância agitada.
A ressaca do mar
não é pior que a minha.
Mas o mar é forte
e eu não.
A ressaca do mar
não é pior que a minha.
Mas amar o que tenho
sem juízo algum
também me dói a cabeça.
Ígor Andrade
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sexta-feira, 25 de setembro de 2009
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Queda livre
o vão do medo forte
na mão o olho certo
diz não pra minha morte.
Ígor Andrade
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Defeito
de certo
não tentei direito.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 23 de setembro de 2009
^Asas^
canta suave
o amor.
Sou a ave
e a cor
do que não será
amanhã.
Ígor Andrade
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terça-feira, 22 de setembro de 2009
Ou o poeta
vendo o balé dos pássaros
ao amanhecer.
Me conhecer
porque saudade é ser
e sou
a falta agora
de uma amiga do interior.
Volta e dança pra mim...
Ígor Andrade
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Teria
de canto
e eu sem encanto algum
fecho os olhos
pro sonho de hoje
que sei que ainda teria.
Ígor Andrade
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segunda-feira, 21 de setembro de 2009
O porre
troveja verdades e mente.
Lembro de tudo, mas quero esquecer.
Tempestuoso é o dia seguinte
que segue em dor de cabeça
e eu sem paciência.
Procuro uma ciência que me tire
desse vício.
Nunca mais eu bebo
pelo menos hoje
(só por hoje?).
Ígor Andrade
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quinta-feira, 17 de setembro de 2009
Dura(dor)
dessa minha loucura silenciosa
só tem sentido
no barulho da sanidade alheia.
O que nasce
e cresce
não morre.
Ígor Andrade
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De(s)contentamento
mas quando leio pouco, escrevo muito.
Ler e escrever, muito ou pouco
me salva.
Tudo me incomoda
quando algo me acomoda.
A insatisfação não é desgosto
é minha melhor percepção gustativa.
O gosto do café amargo
o rosto magro da fome
uma qualquer coisa
que me agonia e não tem nome.
Meu quarto desfila
um branco nas paredes
e é insuportável.
Ígor Andrade
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segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Ali
me sinto mais perto
de ser
o que sou
e o que fui
aqui.
Ígor Andrade
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domingo, 13 de setembro de 2009
Sonho libidinoso (recorrente)
enquanto eu dormia.
Levaram minha sanidade
que eu não tinha.
Louco e cheio de predicados
o sujeito confuso
com a libido nas alturas
abre os olhos (verdes)
que não os pertence
e aprende
a enxergar
um desejo de possuir outro corpo
através de uma ladra
que insiste em roubar
a normalidade
todos os dias.
Ígor Andrade
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quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Faz sol na rua
Mas chove aqui dentro.
O céu, meu teto
e o vento.
Eu tento.
E a lembrança nua e crua.
Vejo o cinza
e o que precede
a tempestade.
Melhor idade
maior saudade.
Todo problema que é meu
eu posso resolver
independente do clima.
Olho pra fora
e está tudo claro.
Faz sol na rua.
Ígor Andrade
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segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Meu Pecém
vivo descalço
e não tenho medo do sol
(nem de tempo algum).
Cada passo meu
nesse calor
me leva além
dos sorrisos que não vi.
Aqui
caminho com os olhos
de toda criança nativa
que mal sabe falar.
Aqui
me calo
pra ver a vida passar.
Ígor Andrade
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Praia alguma
eu perdi meu mar?
Ígor Andrade
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Salvação
na perdição
de toda a terra.
Ígor Andrade
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Praia minha
um oceano.
Outro ano
que tudo leva
e nada traz.
Minha vida é
uma onda interminável.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Juízo (a)final
viver em vida é o que importa
não na média medíocre torta
mas na cômica tragédia.
Ígor Andrade
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Desista você
ou acabe
eu não caibo
e não paro
em mim.
Sou nós
em movimento
incansável indiscutível iminente inconstante
nesta estrada invisível e sofrida.
Ígor Andrade
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segunda-feira, 31 de agosto de 2009
É gosto
de todas as mulheres
mas as brancas
de alma negra
me trazem paz.
Ígor Andrade
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domingo, 30 de agosto de 2009
Ronco
Minguo as horas
por horas
com a cabeça cheia
e estômago vazio
e sinto a falta
de sentir falta
de algo que me fazia feliz.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Linfa
que escorre lentamente
seiva sem graça e sem gosto
numa selva concreta
de espera das coisas que não acontecem.
Dia besta
que parece outros
dias ou noites
tudo numa tarde
que não tem pressa
nem sorrisos
e nem sorrir.
Dia triste
que insiste
em me abrir os olhos
pois ando desejando coisas demais
e isso não é felicidade.
Ígor Andrade
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sábado, 22 de agosto de 2009
Preciso
pra minha indisposição.
Fase nova, novo tema
eu e meu dilema:
a pasárgada
e a contramão.
Ígor Andrade
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domingo, 16 de agosto de 2009
Balanço
vento na rede
e lembrança.
Dor de medo
o teto é cedo
e balança.
Ígor Andrade
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segunda-feira, 10 de agosto de 2009
bios theoretikos
é a busca nos olhos distantes
é o caminhar meu de cada dia
é o não chegar nunca
é o instante.
Ígor Andrade
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Somos bobos
que não é meu
pulsando bobagens
e tentando me enganar.
Posso dançar nesse escuro
no silêncio
e ainda sim
fazer música
quando ela vai embora.
Eu posso tudo
porque ela pode me amar.
Pode até negar
mas eu sei que ela pode
além disso.
Só não posso explicar
como nascem essas coisas
em que me perco
ou como morrem
os encontros.
Ígor Andrade
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quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Permissivo
(o dia nasce simples)
se é que eu sabia
antes.
Isso me liberta
o não saber.
Só é pior do que não querer saber.
Eu não sei, hoje
e até sorri olhando as nuvens
me atravessar.
Talvez dormir
talvez crescer
talvez sumir
talvez escrever.
Morrer
pra ver a vida passar.
Estou livre
e tenho asas
hoje.
Sem pena, vou caminhar.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 5 de agosto de 2009
"Sol i dão"
que para cada vazio existe uma dor
pensar é coisa de gente carente
eu estou cheio de poemas de amor.
Ígor Andrade
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terça-feira, 4 de agosto de 2009
Incompletude
e não achei a palavra
amanheci
e a busca não finda
o dia segue
quando a noite me cega...
Seria a saudade
a palavra ainda?
Ígor Andrade
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segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Imaginação
o cheiro e o desejo
da noite que não tive
(ontem).
Na brisa fria
que tudo arrepia.
De salto alto
e ousadia.
No corpo da mulher branca
de boca vermelha
e jeito de flor.
Desconfiado amor
que nasceu só pra mim
que nasceu para eu cheirar e olhar dormir
sob o céu de lua cheia na palma da mão.
Ígor Andrade
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sábado, 1 de agosto de 2009
Advertência
no peito
teus passos vão infartar
o caminho.
Ígor Andrade
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quinta-feira, 30 de julho de 2009
Gota
mas a lágrima, não.
Ela é lâmina afiada
que corta o sabor
da lembrança incolor
que eu ainda teria.
Ígor Andrade
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Maré
sentados na areia
sonhávamos
continuarmos ali
VIVOS.
Uma onda
e o sonho se apagou.
Ígor Andrade
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A(u)migo
no meu portão
a saudade
de um amigo.
Não mais o mesmo
eu sou
assim como não era
antes dele.
O portão pode
ficar aberto agora.
Ígor Andrade
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Bolsa de sangue
Hoje rascunho toda a minha dor num hemograma do meu amigo-cão. Não suporto mais a contagem das plaquetas, de glóbulos vermelhos e brancos. Está tudo sem cor com uma placa escrita fim. Minha poesia está coagulada, e é sólida a solidão.
Perdi um grande amigo e essas palavras sanguíneas querem me matar. Pior que isso, morro. Morri quando ele morreu. Deixa de existir duas existências agora.
Mudamos e crescemos juntos, e nos separamos por terra. Lembranças serão lembradas até a exaustão, e confesso estar exausto para escrever mais.
A vida segue, aliás, seguimos com ela.
A vida se vive e a morte se morre, o resto está entre isso.
Ígor Andrade
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sábado, 25 de julho de 2009
Liberty (o edifício)
algo preso dentro é saudade
algo livre fora é vaidade.
Pensa a cabeça que pensa
no peso do corpo que pesa.
Há um mundo embaixo de outro
que nem é outro
que nem é um
nenhum.
Nenhum de nós sabemos da prisão que imaginamos nos libertar.
Ígor Andrade
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Tudo é caminho
em morte.
Um dia penso
que cheguei
no norte.
Tudo é caminho...
Ígor Andrade
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segunda-feira, 13 de julho de 2009
A pressa
a urgência
do dia seguinte
seguindo
em textos longos
de choro preso
na palma da mão.
Ígor Andrade
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quinta-feira, 9 de julho de 2009
Acabamento
onde cada segundo bate
o martelo pesado
de tempo perdido
de tempo vivido
e machucado por nada.
Trabalho no escuro
as formas
de uma peça-vida
que não quero terminar
nunca.
Ígor Andrade
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terça-feira, 7 de julho de 2009
Sem acordo
acordei pra discordar
acordei sem acordar.
Hoje será o dia que não acordei
na confusão de em ninguém confiar.
Tanta misantropia
tanta miopia
até nublado acordou o dia.
Cansei de tanta coisa.
Cansei de me cansar.
Cansei do ócio, do óbvio
e de estar cheio
e com fome.
Cansei da dieta
que tudo seja
com tanta soja.
É... eu não estou bem
eu não estava bem antes
e nem sei se acordei.
Acorde descoordenado
da harmonia
que pra trás deixei.
Ígor Andrade
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quinta-feira, 2 de julho de 2009
Invisível?
que não foi meu pai ontem
e que não serei eu amanhã.
Um herói de todos os tempos
que não existe.
Por isso procuro.
Ígor Andrade
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segunda-feira, 29 de junho de 2009
Suporte
e a média é um meio
de medir o medo
de não ser
outra coisa
senão metade
senão o pouco
que a mídia
ou a média
te fazem.
Ígor Andrade
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Há ser teu
é quando tudo pára
até que apenas eu volte.
Volte no tempo
volte no próprio vento
volte a ser eu
volte a ser teu.
Ígor Andrade
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Ver-de perto
é tudo quase
do não
ou do nada
que tem um fim.
E no final
é o que somos:
fantasia fantasiada de sensatez.
Ígor Andrade
(escrito depois de ler este poema, do blog de minha amiga: http://rangonamadrugada.blogger.com.br/)
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sexta-feira, 26 de junho de 2009
A volta escrita na estrada
de casa pra casa
da praia pra cidade
(e nem vi o mar)
da tarde pra noite
do perto pra longe
vagando em chuvisco
chovendo nos olhos
vago, vazio, altívago, tardio
entardecendo o que não tenho
e não vou só
vaga-lumes
vagas lembranças
vagões de desejos
bendita estrada que dita
uma volta
e outra.
Ígor Andrade
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terça-feira, 23 de junho de 2009
Ainda voa, Dona Iride. (Um poema de luto.)
borda a letra anil
no céu da solidão
no sol que não se viu.
Falta uma asa!
Ígor Andrade
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O temporal da não viagem
na minha janela entreaberta
e meu quarto fechado
silencia o meu mal estar.
Estar
em algum lugar
(que não seja esse)
era o que eu queria agora
querer é a questão
ficar aqui
ou ir embora.
Ígor Andrade
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sexta-feira, 19 de junho de 2009
Chão
no meio do chão
que seca no seco
que cega razão.
Chão.
Pedaço que piso
no meio do não
que é quase tudo
coração na mão.
Ígor Andrade
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quinta-feira, 11 de junho de 2009
Céu
(sem ter tido)
pássaro sem asas
e continuo voando
porque acredito.
Ígor Andrade
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domingo, 7 de junho de 2009
Processando a trama
com muita dor a teia espia
a aranha longe
arranha saudade.
Desculpas cheias de pernas
caminham pelos cantos
de paredes
que não quero enxergar.
Ígor Andrade
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quinta-feira, 4 de junho de 2009
Alta
minhas memórias
de tempo
e seca
minhas loucuras
de falta.
Ígor Andrade
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segunda-feira, 1 de junho de 2009
Ma belle inconnue
desconhecida.
Conheci algo
que não é meu.
O que era belo
e adormecido
nasceu dela
e feneceu.
Ígor Andrade
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domingo, 31 de maio de 2009
Não outro
para o mesmo
e eu mesmo
não sou o mesmo.
Não sei o que é esse mesmo
senão um domingo diferente
mas com a mesma cara
da minha mesmice qualquer.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 27 de maio de 2009
Meu mar
A madrugada
pisca pra mim.
Lua cheia
de eu vazio.
Pesco um fim.
Ígor Andrade
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segunda-feira, 25 de maio de 2009
Mata dor
Acordo...
com o olhar calmo
de um assassino.
Estou frio
como o tempo molhado
e rio.
O sol, que eu cego, não vi
já se foi
com o meu calor.
A rua vazia provoca
cores no escuro
dentro de mim.
Parece que estou morto
sobre a terra que vai acabar.
Ou acabou.
Espero que a calma permaneça
mas, acima de tudo
que algo nasça e cresça
e que eu não mate ninguém.
Ígor Andrade
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sexta-feira, 22 de maio de 2009
Senso íntimo
Me desculpo com a razão
sempre que entardeço.
Triste não é viver
nem saber que se morre
a cada hora.
Triste e longe
é ter a consciência
que meus sonhos
também anoitecem.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 20 de maio de 2009
Vinte e oito
Desejo pra mim...
Mais paciência no ser
enquanto o quando não vem.
Menos um mundo e menos ter
meio passo de sentir um quem.
Mais beleza e leitura
riscos e sorrisos
fins e inícios
leveza e altura.
Mais percepção no que é à toa
e alguma momentânea surdez.
Vida minha que não anda, voa
flutua lisa em um certo talvez.
Mais sabedoria na tristeza
e ignorância na felicidade.
Amar, o mar.
O mar, amar.
Simplicidade.
Mais
unir
versos
nos detalhes e nas diferenças.
Punir
o que não peço.
Discutir todas as descrenças.
O peso do nada que já tenho
apenas no tudo mais, viver
poesia e consequência
pó do dia, consciência
por uma noite, crescer.
Ígor Andrade
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terça-feira, 12 de maio de 2009
Despedida
por deixar a porta aberta
mas existe uma janela
entre tudo
e uma descoberta.
A partir de hoje
no ontem que some
deixei de ser gente
deixei de ser homem
me tornei um poeta.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 6 de maio de 2009
Alicerces
Lá fora
o barulho da obra de uma construção
o silêncio de uma obra desconstruindo
aqui dentro.
Ígor Andrade
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domingo, 3 de maio de 2009
Dor mente
Não sinto
o gosto
de nada.
Garganta seca
língua inflamada.
Sinto
um cinto
me apertar.
Asfixiado
só penso em deitar.
Paladar para amar
não tenho
ou é dormência apurada.
Para cada dez mulheres
deste infeliz mundo
uma é desalmada.
Ígor Andrade
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sexta-feira, 1 de maio de 2009
Dia do trabalho
Dia do trabalho
ninguém trabalha
nem eu
nem dia nenhum.
O conjunto de atividades, produtivas, criativas ou lucrativas, que exerço, determinam um fim que não quero atingir.
Ígor Andrade
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Não trabalho nem no sono
Depois de dormir o dia todo
acordo (às sete da noite)
não mais dia
com a mente inquieta
com muita raiva de não sei quem
e triste com alguma coisa.
Será um daqueles dias
(ou fim do mesmo)
que vou me entupir
de açúcar
e café
digerindo poesia
vomitando impaciência.
Ígor Andrade
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quinta-feira, 30 de abril de 2009
Media dor
Para Thiago Andrade e Samuel Portela
Não tenho gravatas
e não falo bonito
mas ando procurando
causas
para minhas testemunhas.
Ígor Andrade
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terça-feira, 28 de abril de 2009
Quanto de hoje?
Quanto de mim
está disposto?
Quanto de mim
quer sorrir?
Quanto de tudo
não tem rosto?
Quanto de tudo
quer dormir?
Ígor Andrade
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sábado, 25 de abril de 2009
Estrada do sol poente
Estrada ruim...
Cada buraco
caía em mim
cada curva molhada
dobrava em qualquer dor.
Voltava pra esse mundo
que parece não ter fim nem fundo
voltava em um segundo
pra não faltar amor.
Ígor Andrade
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quinta-feira, 23 de abril de 2009
O Mágico Magela
Além de magro
é forte.
Além de reclamar
tem sorte.
Além de mágico
é repentista.
Além do trágico
é humorista.
Ígor Andrade
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Sem lua
Tenho um lobo
no peito
faminto
não minto
uivando selvagem
sem dono
sem sono
de passagem
querendo morrer.
Ígor Andrade
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terça-feira, 21 de abril de 2009
Na paz irresoluta
Tento acreditar
que acredito.
Cri?
Ígor Andrade
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Poema fútil
Minha mulher não é normal
e eu sou louco.
Queremos pouco
brigamos muito
somos tudo
e não temos nada.
(off
line)
Pra que mais? Ou menos?
Isso basta
pra ela...
Ígor Andrade
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Click (o filme)
Começou a vida.
Click!
Já me enchi.
Click!
Vou pular a cena.
Click!
Estou no final.
Click!
Me arrependi.
Click!
Não tem volta.
Click!
Perdi a vida
tentando ter
perdi a vida
não sendo.
Ígor Andrade
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domingo, 19 de abril de 2009
É Fantástico!
20:53
O Fantástico vai entrar
no ar
e o imbecil vai sair
do mesmo.
Mesmo.
Ígor Andrade
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Eu-animal feroz
(sinto-me?).
Algo selvagem quer
desgraçar outro algo
como algo por instinto
algo extinto.
Sinto-me ameaçado
(ainda me sinto?).
Como se fosse (e é)
questão de sobrevivência
sobre a vivência.
Sinto-me bicho
e sou
(além disso, sinto?)
um corpo de sentidos
faro, garras, dentes...
camuflagem!
Bem longe da racionalidade.
Sinto-me sem sentir
(sinto!)
e sou.
Ígor Andrade
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sábado, 18 de abril de 2009
Desestimulante
hoje não tem acordar
descafeinado
voltei a deitar.
Ígor Andrade
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sexta-feira, 17 de abril de 2009
Poema-onde (que não está)
Queria um poema-abraço
que me deitasse na cama
que me fizesse dormir.
Eu queria...
mas ele não vem
e eu não deito
nem deixo
um poema-dor
aqui.
Ígor Andrade
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quinta-feira, 16 de abril de 2009
Vidas de Rejane

A barriga de Rejane
é vida
são vidas
vidas vivas que vivem dentro
que terão vozes
e ouvidos
e olhos
sentidos
e que trarão paz.
A barriga de Rejane
é um outro mundo
um novo mundo
que desde sempre
nasce
de um velho mundo
que ficou pra trás.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 15 de abril de 2009
Vivo (?)
Minha arte
é pensar.
O que vem depois
no papel
não é arte
é morte.
Ígor Andrade
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Este lamento é lamentável
Este mundo tem cruzes demais.
Este mundo tem deuses demais.
Estas frases têm mundo de menos.
Ígor Andrade
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terça-feira, 14 de abril de 2009
Los hermanos
de filosofia sóbria
depois de tanto
vinho tinto seco
pintamos às cegas
um quadro de noite-chuva
e brindamos
o embriagado amanhã.
Ígor Andrade
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De frente
Abril me abriu o mar
passeio no seio do tempo
atravesso um verso-lar
me despeço na praia-vento.
Ígor Andrade
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quinta-feira, 9 de abril de 2009
Dos engasgos
O grito na garganta
que não sai
o frio da rua
e o que queima no peito
essas coisas que não têm sentido
e eu tenho sentido
que são causas, não efeito.
Ígor Andrade
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E sufoca... e sufoca... e sufoca...
Noite estranha
de lágrima engasgada
que é doce
mas arranha
e adentra a madrugada.
E sufoca
e tem força
e me empurra pra minha burra solidão.
E me sufoca
numa poça
golpe forte que esmurra o maior valentão.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 8 de abril de 2009
(Des)cobrir
Algo em mim
morre de medo
e vive de
insistir
existir
é um modo que tenho
de estar sempre
cheio de algos.
Ígor Andrade
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terça-feira, 7 de abril de 2009
Opaco
Começo de semana
é chato
não meço minhas palavras
é fato
troco a parede branca
por um retrato.
Ígor Andrade
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domingo, 5 de abril de 2009
Releitura - I m e d i a t o
Incólume
quero colo.
Insatisfeito
o abraço imperfeito.
Saudoso
qualquer verbo vagaroso.
Ígor Andrade
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I m e d i a t o
Amanheci urgente
o domingo é quente
mas estou frio.
Na soma de tudo que penso
dispenso o que não for intenso
e assumo que estou arredio.
O meu ombro está dormente.
O meu bom dia está vazio.
Vazio vazio.
Ígor Andrade
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sábado, 4 de abril de 2009
Meu poema em linha reta
Meu poema em linha reta
é pôr no sol seu nome
até o infinito da fome
onde nem céu me aquieta.
Ígor Andrade
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sexta-feira, 3 de abril de 2009
Minha casa tem nome de gente
Enquanto as telas se apagam
e as teias se enrolam
as bocas secam
de sono e cansaço.
A noite vira dia
assim como eu quero
assim como eu queria.
E eu apaixonadamente
(apaixonado mente?)
acabo voltando pro mesmo lugar.
Minha casa.
Ígor Andrade
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Velha paz de um dia
Para meu pai, Plácido Andrade.
O que me é plácido
evolui solvente
contente
me dilui num encontro ácido
e ao máximo
num trânsito intransigente.
Meu mundo-sossego
não é cego
nem cedo
sou filho do medo
e do sereno menor.
Sou só
da semente ao pó
e meu pai é um Plácido
de uma guerra-enredo
de uma terra sem credo
e de nome maior.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 1 de abril de 2009
Arquétipo
nem prazo
nem peito de ser
sou o que a maioria é e nem sabe.
Modelo de algo
que muda com o tempo
e se renova com o tato.
Ígor Andrade
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segunda-feira, 30 de março de 2009
Pronto desabafo
Atualmente
neste mundo destrutivo
eu construo
me desatualizando.
Se falta amor alheio
eu alheio a falta
amo.
Enquanto tudo explode
ou implode
eu sou o todo que arde.
As sementes que planto
na terra e no ar
se multiplicam
me dividindo.
Eu sei
mudei
eu hei
de ver frutos.
Ígor Andrade
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domingo, 29 de março de 2009
Senhor Ludgero (meu avô)
O silêncio do velho me faz silêncio
e quando ele fala me cala
e me traz poesia.
Oitenta e oito lições numa hora só
oitenta e oito maneiras de desatar um nó
oitenta e oito noites num dia.
Ígor Andrade
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quinta-feira, 26 de março de 2009
Mergulho
Em tudo que é raso
me afogo.
A superfície é muito mentirosa.
Em tudo que é profundo
me afago.
O útero é o mais vivo pensamento.
Ígor Andrade
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terça-feira, 24 de março de 2009
Floresta
e vozes amigas
distante
caminho sobre folhas secas
ouvindo o barulho da água
caindo.
Não há cor que eu não veja na luz
nem dimensão que tenha sentido.
O sentido se faz
quando me encontro.
Ígor Andrade
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segunda-feira, 23 de março de 2009
Bem te vi
Já ia deitar
sem te ver
e de repente
um bem-te-vi
te trouxe aqui.
Ígor Andrade
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Aquilo que se vê
Dos vultos e vozes
de muitos e voltas
sem razão alguma
ou face
fecho as portas
e sou assim.
Sou defensivo e assustado
assombro o ombro passado
e me sinto bem mais aliviado
quando me sufoco de dor.
Eu me fecho pro mundo
me defendo dos outros
(e dos outros que existem em mim)
porque também sou egoísta
e louco.
Resta pouco
entre outros
o pouco
(resta pouco)
tempo
e luz.
Ígor Andrade
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domingo, 22 de março de 2009
Os ceticistas
Hoje eu tive talvez
um dos melhores sonhos.
Num domingo chuvoso
um pequeno grupo de ateus se reúne
discute a filosofia do tempo
a poesia do mundo
e arquiteta planos de paz.
O futuro da humanidade
com esse humanismo secular
certamente
seria outro
melhor.
Um sonho apaziguador!
Tão lindo quanto
o desenho das lágrimas
que derramei
ao acordar.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 18 de março de 2009
Janela novamente
e não tenho coragem de pular.
Sem asa alguma
apenas olho
e de peito aberto
vôo
sem sair daqui.
Ígor Andrade
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Janela
Para o amigo, Fabio Rocha
A janela negra
do meu quarto branco
está aberta
e o que vejo
é cinza.
Sem nuvens, nem céu
porque hoje chove
os atrasos do meu Nordeste.
Assim como você, meu amigo
sou fascinado pelo mundo lá fora
desde que aprendi
a me fascinar pelo mundo aqui dentro.
Tanta liberdade me liberta
e me prende.
Nada nesse quarto me limita
os olhos.
Esses vazios em paisagens
são passagens
cheias de vida
que não cansaremos
de descobrir.
Ígor Andrade
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terça-feira, 17 de março de 2009
Poderia não ter dito isso
Tristeza não é ser só
porque a poesia me acompanha
e me faz livre.
Tristeza não é ser esquecido
ou não ser lido
não ser sentido.
Tristeza é escrever
para uma pessoa
que não se importa.
Ígor Andrade
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segunda-feira, 16 de março de 2009
Criação
Eu inventei uma pessoa.
Essa pessoa inventou uma história.
Essa história inventou um fim.
Esse fim inventou um novo começo.
E esse novo começo inventou
outra pessoa
com outra história
que me inventou sem fim.
Ígor Andrade
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Virótico
Para isso além do normal
para o bem e para o mal.
Para onde foi o sol?
Paracetamol!
Ígor Andrade
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Superdosagem
Tudo que descolore em saudade, na sanidade.
A dor que se mistura com outra dor.
O olcadil e o rivotril.
Cada comprimido, deprimido.
Ansiedade.
Ígor Andrade
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domingo, 15 de março de 2009
Piscina
Céu claro
em noite quente.
Raras são as vezes que reparo
que nunca estou de mim ausente.
Lua cheia ilumina
o que a cabeça mente.
Lá no alto
apenas uma estrela
a brilhar.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 11 de março de 2009
O que vegeta
numa manhã sem amanhã.
Aqui dentro, um vaso sem planta.
Lá fora, chuva cinzenta espanta
calor
de calar a dor.
O altar sem deusa
e sem graça
e a insônia sagrada que passa.
Reticências
antes do ponto final.
Ígor Andrade
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terça-feira, 10 de março de 2009
A praça de Campo Grande
balanço bobo
no parque besta
da praça feia.
Vem e vai
do balanço cai
nada mais de parque
nesta praça desequilibrada.
Ígor Andrade
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sexta-feira, 6 de março de 2009
Espelho
Estou só
de estar e ser só
e não tenho ninguém.
Não tenho muitos amigos
e os poucos que sobram não são lúcidos
(isso me incomoda).
Tudo nesse quarto é sem razão
enquanto eu, sem sentido.
Meus bolsos estão vazios
e as gavetas cheias de coisas inúteis.
Acho que falta outra janela aqui.
Preciso praticar o verbo acontecer
aliás, preciso de mais verbos
menos adjetivos
e alguns parênteses.
Preciso não ter que precisar.
É isso!
Meu reflexo vai embaçando
e aumentando o espaço.
Sou um intervalo temporal
de passos.
Estou mais só estando comigo
e ainda
não sei pra onde vou.
Ígor Andrade
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quinta-feira, 5 de março de 2009
Eu oceânico
Numa praia deserta
de mar tranquilo
e vento leve
só o tempo me leva.
Cem anos de solidão passam na minha cabeça.
Ontem e amanhã
(foi e será)
um
único presente.
E uma frase martela minha calma:
Ter você pra mim.
Ígor Andrade
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terça-feira, 3 de março de 2009
Bradicardia
Todas essas janelas
tantas vias pulsando sangue
toda essa cidade molhada
e tudo tudo
com toda essa beleza.
Toda. Beleza.
E os corações querendo parar.
Ígor Andrade
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Caminho das Águas
segunda-feira, 2 de março de 2009
(Per)feito
Quem me dera
um pretérito
mais que perfeito.
Ígor Andrade
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Segunda, dia dois
Começo de março
morto
comércio de mortos
marco
tudo igual
e nada diferente
involuimos na evolução
nos agredimos em regressão.
Março mal começou
minha ressaca passou.
E agora?
O que esperar?
Ígor Andrade
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Corrente
Uma tristeza torrencial
(do que já não é meu
nem tem morada)
é como uma manhã
sem brisa
e uma noite
sem prosa
passa como o passado
pesa como um pesadelo
e desaparece
porque um dia volta.
Ígor Andrade
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sábado, 28 de fevereiro de 2009
Atravesso mapas e oceanos
mesmo que ao redor seja água
porque também me sinto ilha
e quando não, me sinto mar.
Minhas palavras (é vida)
são vidas em vôos.
Meus poemas
são asas
nunca pouso.
Ígor Andrade
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O vôo sonhador
Não se explica o inexplicável
não se muda os cheiros que sinto nos sonhos.
Tudo agora foi jardim.
Tudo que foi nesse instante
não foi distante
está aqui
dorme e acorda em mim.
E eu dormi e acordei
com o vôo brilhante de uma borboleta
que quer pousar no meu quintal
mas não deve
que quer continuar voando
mas não pode.
Ígor Andrade
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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Como anestésico
Nem aqui
nem ali
nada além
do além
e do muito.
Minha mente
que mente
não tem lugar certo
de tão inquieta.
Parei!
Ígor Andrade
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Fantasia(dor)
Que a vida me traga
mais vida
e me traga
mais cor
que deflagra
sopro e suor.
Que a vida me traga
mais vida viva
mais pele ferida
e vestidos verdes
em fugas.
Ígor Andrade
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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Há
Há um poema hoje
com o nome tarde.
Há um poema
hoje à tarde
com o nome noite.
Há um poema
onde há tarde
e arde.
Há um poema tarde
e há um poema antes.
(O nome da minha tarde hoje é poema
pôr do sol sem nome
que põe no céu dilema
e põe no fim a fome.)
Ígor Andrade
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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Praia quente (um poema atrasado)
Fevereiro
me ferve inteiro
meu amar em março
antes de tudo
o mar
mormaço
sorrir primeiro.
(Sou oceano adocicado
maré alta
em desespero.)
Pelo menos
passou o de menos
passou e vivemos
passou janeiro.
Ígor Andrade
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Rogério & Rogério
Nos aterros dessa vida
onde se enterram as lembranças
pedaços de tempo como herança
os dois sujeitos, sem jeito
consomem as palavras
as larvas
da mais pura admiração.
E buscam por aí
o equilíbrio
entre o não ter
e o não ser
das mudanças
e dos sorrisos.
Ígor Andrade
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sábado, 14 de fevereiro de 2009
Ficar bem
De onde estou
para onde quero estar
não desejo nada mais
do que mudar de idéia.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
A cura tem nome
Para meu irmão, Thiago Andrade.
O que antes era vazio
agora não se limita.
Olhava um forte homem chorar
num mar de solitude, soluçar
e hoje ele grita.
Seu sorriso me mostra os dentes
tela branca franca infinita.
Missão: conjugar o novo amar
no mais alto grau ardente
da escala não dita.
Minha arte em sua vida imita
o elo entre o belo e o singelo
misto de cuidado e mistério.
Seu nome: Talita.
Ígor Andrade
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domingo, 8 de fevereiro de 2009
Estrela do dia
Ainda é cedo
sem dor
e sem medo
perco-me em raios.
Quem dera fosse
não mais que isso
o dia todo
um brilho
do que não é tarde.
Ígor Andrade
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À deriva
e levar alguém
para sentir a brisa por aí.
Contar as luas
e nascer com o mesmo sol
sem o mesmo isso
daquilo que evito.
Só quero querer mais
e esquecer o que é de menos.
Quero o que é eterno
e o que não é, também.
Quero os desejos
desejar.
Quero mais do que já encontrei
e encontrar sempre
algo que não tenha visto.
Só quero ver
e encher
minha memória
de poesia.
Ígor Andrade
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Minhas retinas e sua dança
Atravessa a chuva na rua
a bailarina que vejo em ti
o averso, e a passada, nua
silhueta que vou perseguir.
Vem pra mim...
Ígor Andrade
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O Primeiro Beijo
Ouço o som do meu peito
é música que tem gosto
enquanto meus olhos desenham
o teu nome
e o teu rosto.
Ígor Andrade
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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Reflexão
Espelho espelho nosso
me fale da outra vida
do velho-novo homem
ou do novo-velho ócio
me conte da vaidade ferida
e da perfeição que não posso.
Espelho espelho nosso
integração ou divórcio?
Ígor Andrade
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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Para cada vida
Mudo.
Para cada hora sem espaço.
Faço.
Para cada minuto nesse vazio.
Frio.
Para cada segundo nesse traço.
Abraço.
Ígor Andrade
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terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Esperança?
Tão logo espero
que essa segunda passe
como tão logo passo
sem esperar, a terça.
Enquanto durmo teu dia
e acordo tua noite
vago frio na esperança
da tua passagem.
Tão logo nada
era quente
como tão longe
era tudo.
Ígor Andrade
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Mediterrâneo
Um domingo nebuloso
da janela pra fora
guerra pela paz, faz
chora a chuva agora.
Meu domingo ocioso
da janela pra dentro
paz pela guerra, erra
perde-se o fundamento.
O domingo é passado
o domingo é pesado
sem bandeira branca
em qualquer algo pensado.
Eu queria pacificar as palavras
eu queria vida além do papel.
Enquanto as cruzes se lavram
o povo quer morte em Israel.
Ígor Andrade
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quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
A moça
Vestida de mundo
de tempo e de vento
nua em pensamento.
Ígor Andrade
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terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Do meu desespero capaz
Desespero não é incapacidade.
Desespero é amanhecer sem sono.
Desespero nessa minha insanidade
é o que eu espero do abandono.
Ígor Andrade
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sábado, 17 de janeiro de 2009
Do jogo (ps2- W.E.) na sala de cinema
neste sábado
o espírito competitivo.
E para ser mais afirmativo
e menos arrogante
reconheço que valorizo
mais do que antes
a presença de velhos amigos.
(O jogo não mais mexe comigo,
mas as vitórias adoçam o domingo.)
Ígor Andrade
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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Estrategicamente falando
Contemplo meu arsenal
de sonhos.
Tenho grandes aliados
os poemas.
Minhas palavras são hoje
bombas nucleares
que explodem
e devastam.
(Nem ideologia
nem política
nem filosofia
nem linguística.)
Agora só quero
divagar
devagar
pelo que eu tanto queria
minha paz
nas lutas comigo mesmo
guerra fria.
Ígor Andrade
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terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Terça-feira
A tarde me arde em ânsia
sussurra a saudosa mudança
me empurra pra noite, forte
sem medo do medo, norte
destrói e distrai, distância.
Ígor Andrade
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segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Do que não muda
Andei
andei
andei.
(E quis tanto
as mãos e o céu
que esqueci do corpo
num instante morto
em vão o sono e o mel.
E fiz pranto
no prato e no papel
só entendi que solto
um lamento e pronto
solidão veraneia o fel.)
Andei
andei
e andei
sem sair do lugar.
Ígor Andrade
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domingo, 11 de janeiro de 2009
Solitude
Nos momentos
que me encontro mais só
(sem encontrar o que quero)
saio de mim
sambo assim
passeio em voltas.
Me desencontro
me afronto
choro e soluço
(o que não faz de mim melhor, mas faz bem)
não sinto o meu pulso
não espero impulso
e não sei esperar .
Discursos
é... discurso
para outro que não sou eu.
E quem sou eu?
Sou o próprio curso
ou sou o inverso
do verso
que não sei ler.
Ígor Andrade
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segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Voando poesia
No aeroporto
aéreo fico.
Eu admito.
Tudo que é etéreo, parto
vivo farto
porque vivo em vôos
e morro em chegadas.
Ígor Andrade
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Dois mil e nove
Para começar dois mil e nove
nada em volta se move
mas que eu me renove
e reinvente
porque por mais que eu tente
acabo por acabar com o que me envolve
sujeito bobo
sem jeito, ogro
inconsequente.
Espero tudo se inovar de vez
e pro mal que alguém me fez
desejo paz, ao invés
do bem do inferno de vocês.
Que venha dois mil e dez.
Ígor Andrade
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