O domingo me empurra
para o mesmo
e eu mesmo
não sou o mesmo.
Não sei o que é esse mesmo
senão um domingo diferente
mas com a mesma cara
da minha mesmice qualquer.
Ígor Andrade
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"Quanto mais me elevo, menor fico aos olhos de quem não sabe voar." Friedrich Nietzsche
domingo, 31 de maio de 2009
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Meu mar
A madrugada
pisca pra mim.
Lua cheia
de eu vazio.
Pesco um fim.
Ígor Andrade
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segunda-feira, 25 de maio de 2009
Mata dor
Acordo...
com o olhar calmo
de um assassino.
Estou frio
como o tempo molhado
e rio.
O sol, que eu cego, não vi
já se foi
com o meu calor.
A rua vazia provoca
cores no escuro
dentro de mim.
Parece que estou morto
sobre a terra que vai acabar.
Ou acabou.
Espero que a calma permaneça
mas, acima de tudo
que algo nasça e cresça
e que eu não mate ninguém.
Ígor Andrade
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sexta-feira, 22 de maio de 2009
Senso íntimo
Me desculpo com a razão
sempre que entardeço.
Triste não é viver
nem saber que se morre
a cada hora.
Triste e longe
é ter a consciência
que meus sonhos
também anoitecem.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 20 de maio de 2009
Vinte e oito
Desejo pra mim...
Mais paciência no ser
enquanto o quando não vem.
Menos um mundo e menos ter
meio passo de sentir um quem.
Mais beleza e leitura
riscos e sorrisos
fins e inícios
leveza e altura.
Mais percepção no que é à toa
e alguma momentânea surdez.
Vida minha que não anda, voa
flutua lisa em um certo talvez.
Mais sabedoria na tristeza
e ignorância na felicidade.
Amar, o mar.
O mar, amar.
Simplicidade.
Mais
unir
versos
nos detalhes e nas diferenças.
Punir
o que não peço.
Discutir todas as descrenças.
O peso do nada que já tenho
apenas no tudo mais, viver
poesia e consequência
pó do dia, consciência
por uma noite, crescer.
Ígor Andrade
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terça-feira, 12 de maio de 2009
Despedida
por deixar a porta aberta
mas existe uma janela
entre tudo
e uma descoberta.
A partir de hoje
no ontem que some
deixei de ser gente
deixei de ser homem
me tornei um poeta.
Ígor Andrade
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quarta-feira, 6 de maio de 2009
Alicerces
Lá fora
o barulho da obra de uma construção
o silêncio de uma obra desconstruindo
aqui dentro.
Ígor Andrade
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domingo, 3 de maio de 2009
Dor mente
Não sinto
o gosto
de nada.
Garganta seca
língua inflamada.
Sinto
um cinto
me apertar.
Asfixiado
só penso em deitar.
Paladar para amar
não tenho
ou é dormência apurada.
Para cada dez mulheres
deste infeliz mundo
uma é desalmada.
Ígor Andrade
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sexta-feira, 1 de maio de 2009
Dia do trabalho
Dia do trabalho
ninguém trabalha
nem eu
nem dia nenhum.
O conjunto de atividades, produtivas, criativas ou lucrativas, que exerço, determinam um fim que não quero atingir.
Ígor Andrade
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Não trabalho nem no sono
Depois de dormir o dia todo
acordo (às sete da noite)
não mais dia
com a mente inquieta
com muita raiva de não sei quem
e triste com alguma coisa.
Será um daqueles dias
(ou fim do mesmo)
que vou me entupir
de açúcar
e café
digerindo poesia
vomitando impaciência.
Ígor Andrade
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