A noite me estranha
e eu estranho a noite.
À noite
quando tudo é estranheza
eu saio de mim.
De fora
todo dentro
é maior que a noite.
(É preciso
algum estranhamento
para admirar uma certa normalidade.
É preciso
alguma normalidade
para admirar todo estranhamento.)
A noite sou eu
e eu sou a noite.
Somos estranhos.
Ponto.
À noite me acanho.
À noite eu apanho.
À noite me banho
de tudo que é sozinho.
Parece que adivinho
que vou ser sempre só.
A noite e eu
nos estranhamos
quase sempre
e sempre é tão pouco.
Ígor Andrade
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3 comentários:
O Belo e o Grotesco em versos filosóficos e duais...
Adorei!
... Nunca se está só assim-assado!
Beijos =)
À noite a poesia adentra e vocês se acompanham.
"De fora todo dentro é maior que a noite/É preciso algum estranhamento para admirar uma certa normalidade": eis um diálogo afinado com a canção de Caetano Veloso ("De perto ninguém é normal")
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