e nem quem fui.
(Quem serei muito menos me interessa...)
Hoje
sem prazo
prece ou pressa
caminho pelas calçadas do domingo que parece o de sempre.
Inauguro cada hora
com o sorriso finado
que lembro dela.
Poderia chorar copiosamente
mais uma vez
olhando pra foto
meio laranja
daquela mulher
toda maquiada -
coisa de fêmea vaidosa
mas hoje prefiro gargalhar
como fazíamos quando o mundo
queria desabar.
Carrego nas mãos
um espírito de peregrino
que não chega nunca.
Passos que não cansam.
Topada nenhuma me pára.
Tapada nenhuma me fala:
"O mundo é dos poetas!"
Ando por aí meio sem pernas
sob um sol agradável
tirando o mofo da alma.
Cães imaginários
me seguem até o portão
de casa.
Ígor Andrade
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Um comentário:
Muito bom!
Despertou em mim a agonia que sinto quando caminho sem ver beleza.
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