reavaliando alguns fantasmas
desta vida efêmera.
Não cheguei a lugar algum...
E nem poderia
já que a realidade não existe.
(E não me venham com suas teimosias e conceitos furados,
questionar as minhas verdades inquestionáveis.)
Existo eu
e minha poesia
no cúmulo da arrogância
que não consigo ter.
Eu me desrespeito porque não tenho coragem
para analisar palavras como: superioridade, orgulho e altivez.
E também não sei direito como estas palavras vieram parar neste poema.
Sinceramente
não sei pra que escrevo
mas sei pra quem
e às vezes
não sei pra quem
mas sei porquê.
O caos é mesmo
meu cão solitário
que cuida da casa
latindo pro vento.
Há o vento
que venta
e o ventre
com seu vazio.
Na casa tudo é quente
e na rua tudo é frio.
Ponto
e reticências
no plexo.
Ventrículo ridículo
que vive em sua ventura.
A vida não tem alma
e a solidão não tem cura.
Matéria escura
de onde viemos.
O vazio antes
e o vazio depois
das vidas.
O vazio é primordial
e é dele que me faço gente
infelizmente
e infelizmente
minto
tento
sinto
sento
no canto
sem santo
e conto
qualquer coisa que ninguém quer saber.
Escrever
deve ser
o maior medo que tenho.
Ígor Andrade
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