Dorme
minha menina.
Sossega.
Deixa que seu jardim
o meu desejo rega.
Sonha
minha menina, sonha
travesseiro e fronha.
Espanha, Paris, Noronha...
Meu cheiro está aí
meu gosto está aí
algum sentido meu está aí.
Você de olhos fechados
sou eu aqui
bem aqui.
Dorme
minha menina
de voz firme
e alma branca
no meu silencioso olhar.
Te olhar
e te cuidar
sem te tocar.
Sossega
minha menina.
Quando abrir os belos olhos
verás o futuro
o poeta desce do muro
o narciso amarelo floresce
e no escuro se esquece
que o poema é ar puro.
O passado passou.
O passado já te esqueceu.
O passado ruim não mais existe
o amanhã é o agora e insiste
e o teu sono sou eu.
Dorme, sossega
minha menina.
Caminho no teu corpo
com a máxima poesia
do que é mínimo
e me contamina.
Ígor Andrade
____________________________________________________________________
9 comentários:
O menino tbm tem que dormir, pela hora... rs.
Bonito poema!
Abraço.
Um acalanto de si mesmo no outro? Muito bom.
Há muita coisa boa aqui no seu blog. Desde a epígrafe do Nietzsche (sempre comigo)até as lonjuras alcançadas por sacadas profundas.
Abraço!
Lindo, Ígor! Uma "cantiga" de ninar doce e angelical...Quanta sensibilidade!
o retrato de quem ama é a cama, o lençol e cobertor
O menino nunca dorme, Lara. Abraço, minha amiga poetisa de mão cheia!
Valeu, Marcantonio e Cris!
Abraços!
belo poema velho! Me lembrou uma cantiga que o vinícius fez: "Menininha do meu coração, eu só quero você a três palmos do chão, menininha não cresça mais não, fique pequenininha na minha canção..."
Abs
Sonho, quando um dia, poderei ouvir tão lindas palavras de outrem. Vc é puro meu amigo. Um beijo.
Essas três primeiras estrofes já dizem tudo e a quinta, em minha leitura, fecha o cerco.
Postar um comentário